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VIVA A HERÓICA RESISTÊNCIA EM NAJAF!
Por LBI - Saturday, Aug. 21, 2004 at 11:56 PM

Enormes clarões na noite, colunas de fumaça que sobem aos céus em decorrência de inúmeras explosões. Eis o macabro cenário criado no Iraque pelos invasores ianques.

Viva a heróica resistência em Najaf!

Enormes clarões na noite, colunas de fumaça que sobem aos céus em decorrência de inúmeras explosões. Eis o macabro cenário criado no Iraque pelos invasores ianques. E é exatamente este “espetáculo” que a cidade velha de Najaf vem presenciando nas últimas duas semanas.

A chamada “transição” para a democracia, através do governo interino criado pelo Pentágono, tem sido uma via de massacres da população civil iraquiana. Em Najaf, a cidade sagrada dos xiitas, localizada a 170 km ao sul de Bagdá, está sendo palco de mais uma carnificina. Nas últimas horas, já são mais de 160 mortos, um autêntico banho de sangue levado a cabo pelo “Tio Sam”. Os combatentes de Najaf, apesar da enorme disparidade bélica, vêm resistindo bravamente há duas semanas.

As dezenas de explosões que sacodem diariamente Najaf, são provocadas pelos constantes bombardeios de aviões AC-130 norte-americanos e pelas granadas das tropas que cercam a cidade. Atualmente Najaf é o torvelinho da resistência iraquiana. Os combatentes das milícias Mahdi são liderados pelo clérigo xiita Moqtada Al-Sadr. Os milicianos se refugiaram na mesquita do imã Ali e em diversos outros lugares considerados sagrados pelo islã para organizar a resistência a mais uma “ofensiva” militar ianque.

Não por coincidência, a ofensiva militar dos abutres imperialistas ocorreu logo após o “novo” primeiro-ministro iraquiano, Iyad Allawi, ter ordenado que as milícias Mahdi se rendessem incondicional e unilateralmente, enquanto se realizava a denominada “Conferência Nacional Iraquiana”, convocada com a finalidade de compor um Parlamento Provisório que possa dar legitimidade política ao “governo” Allawi. Na realidade, trata-se apenas de uma grotesca fachada para esconder a feroz ditadura pró-imperialista e a Lei Marcial contra as massas iraquianas. O governo interino de Allawi é um fantoche da Casa Branca, cumpre o papel de reprimir as massas iraquianas a serviço de Bush e seus falcões, congregando em seu seio os componentes mais vis e reacionários do “antigo regime” (servidores de Saddam Husseim, chefes de polícia, oficiais corruptos do exército etc.). São estes elementos que se prestam aos ultimatos e ao trabalho sujo: “Eles [os rebeldes] têm uma chance. Nas próximas horas eles devem se render e entregar suas armas” (Terra Notícias, 18/8), disse o ministro de defesa Hazem Chaalane durante a “Conferência”. Ou seja, cabe a essa corja de assassinos anunciar massacres de terríveis proporções contra as massas populares iraquianas sem, a priori, envolver diretamente os EUA.

REBELDES IRAQUIANOS SE LEVANTAM EM TODO O PAÍS

Apesar da desproporcional correlação de forças bélicas, os EUA temem que uma tomada de Najaf [o que é muito improvável], como um rastilho de pólvora, possa desencadear a fúria concentrada dos xiitas em todo o país, o que seria um desastre para os planos de instauração e consolidação de um regime títere no Iraque. Além disso, as ações e ameaças de explosões contra alvos militares estratégicos (oleodutos, por exemplo) por parte das milícias, provocaram uma alta histórica no preço internacional do barril de petróleo cru, chegando muito perto dos cinqüenta dólares, nesta sexta-feira, 20 de agosto.

A situação política é tão tensa que várias outras cidades se rebelam contra a ocupação anglo-ianque. O chamado “triangulo sunita” (Fallujah, Baquba e Ramadi) tem se destacado cada vez mais pelas constantes emboscadas às tropas da coalizão, inclusive com o abate de dezenas de helicópteros, o que tem causado a ira de Washington. Em razão disto, Fallujah foi bombardeada pela aviação americana, sexta-feira, 20/8, para destruir baterias de canhões antiaéreos. Até mesmo em Bagdá acontecem passeatas e manifestações em apoio aos rebeldes.

NÃO AO CESSAR FOGO IMPOSTO PELOS TÍTERES DO IMPERIALISMO!

Diante deste quadro de intensificação dos combates, a “Conferência Nacional” enviou a Najaf uma delegação para “negociar” um “armistício” com Moqtada Al-Sadr. Este, por sua vez, acenou que estaria disposto a discutir os termos em uma mensagem à conferência.

Mas é preciso salientar, a proposta de “paz” apresentada pelos capachos da Casa Branca corre ao mesmo tempo em que fazem ameaças: Hazem Chaalane afirmou de forma truculenta que estaria organizando um grande ataque à cidade sagrada “para ensinar-lhes uma lição que eles nunca esquecerão”. Nestes termos, qualquer proposta de deposição de armas por parte dos milicianos significa capitular, trair e desconsiderar os milhares de combatentes que tombaram na luta contra as tropas imperialistas ocupantes.

Neste ínterim, a mídia pró-coalizão anunciava que o clérigo havia se rendido. Mas este “furo” de reportagem era mais uma mentira, pois acontecia no mesmo espaço de tempo em que inúmeras bombas eram despejadas sobre Najaf e os combates de rua continuavam sem cessar. Porta-vozes das milícias Mahdi desmentiam a hipótese de rendição.

A verdade é que este jogo de informação e contra-informação faz parte do período de negociações entre as partes em conflito. Está sendo gestado um acordo intermediado pelo clérigo moderado grão-aiatolá Ali Al-Sistani. Segundo os termos de negociação, Al-Sadr deve abandonar a mesquita, desmantelar seu exército, desarmar a população civil e libertar todos os presos pelas milícias Mahdi. Al-Sadr concorda apenas com o primeiro item, fato que revela a possibilidade de uma capitulação, uma vez que o refúgio na mesquita é uma posição estratégica importante; abandoná-la seria abrir um flanco nas trincheiras da resistência.

SÓ UM PARTIDO REVOLUCIONÁRIO PODE CONDUZIR AS MASSAS IRAQUIANAS À VITÓRIA!

Os constantes acenos em defesa de um acordo por parte de Moqtada Al-Sadr revelam uma tendência, que as direções teocráticas acabem capitulando perante o regime político imposto goela abaixo pelos "estrategistas" do Pentágono. As atuais direções islâmicas, na ausência de um Partido Revolucionário, vêm, apesar da heróica luta dos milicianos, se mostrando incapazes de conduzir a resistência até o fim, ou seja, o enfrentamento nacional até a vitória sobre as tropas anglo-ianques, pois freqüentemente vislumbram uma saída “negociada” com seus algozes nas situações de maior polarização política.

Os marxistas revolucionários não devem depositar nenhuma confiança nas direções nacionalistas-burguesas-teocráticas. Devem, antes de mais nada, defender um programa de ação em que a resistência seja unificada sob um único comando militar nacional, que tenha como objetivo por um fim à dispersão das milícias; deve levantar também a consigna de boicote ao “novo” governo por toda a população iraquiana. No entanto, para que estas tarefas sejam vitoriosas, é necessária a construção de um Partido Revolucionário que supere politicamente as velhas direções islâmicas e teocráticas das atuais organizações guerrilheiras dispersas ao longo do território iraquiano.

Somente a unidade das massas iraquianas sob a base de um programa revolucionário poderá levar de forma conseqüente a luta contra as tropas de ocupação e, com isto, derrotar de forma decisiva o imperialismo e seus títeres.

LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA

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