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La Insurrección : Reglas Fundamentales
Por Aníbal Cienfuegos & Rochel von Gennevilliers - Friday, Feb. 18, 2005 at 6:39 AM
emilvonmuenchen@web.de

Ora, a insurreição é uma arte, exatamente como a guerra ou qualquer outro tipo de arte. A insurreição submete-se a certas regras cuja inobservância conduz à ruína da parte que é por ela responsável. Essas regras – conclusões lógicas, extraídas da essência das partes e das relações com as quais se tem de lidar em um tal caso, – são tão claras e tão simples que a curta experiência do ano de 1848 levou a que os alemães se tornassem bastante familiarizados com elas.

A ARTE PROLETÁRIA DA INSURREIÇÃO SOCIALISTA
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

A Insurreição

FRIEDRICH ENGELS[1]

Concepção e Organização, Compilação, Tradução e Revisão
Aníbal Cienfuegos & Rochel von Gennevilliers
Fevereiro 2005
emilvonmuenchen@web.de
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http://www.scientific-socialism.de/ArteCapa.htm

“... Não se encontra no Sr. Dühring nenhuma palavra no sentido de que a violência desempenha, porém, ainda um outro papel na história, um papel revolucionário, no sentido de que, segundo as palavras de Marx,
ela é a parteira de toda velha sociedade que se encontra grávida de uma nova, no sentido de que ela é a ferramenta com a qual o movimento social se impõe
e formas políticas fossilizadas e enrijecidas são destroçadas. Apenas com suspiros e gemidos, o Sr. Dühring admite a possibilidade de que,
para a derrubada da economia de exploração, talvez seja necessária a violência.
Lamentavelmente, pois todo emprego de violência, segundo ele, desmoralizaria aquele que dele lançasse mão. E tudo isso tendo em conta o elevado ascenso espiritual e moral que foi o resultado de toda revolução vitoriosa !
E isso também na Alemanha, onde um embate violento,
que o povo, em verdade, pode ser forçado a impulsionar, teria, no mínimo, a vantagem de mitigar o servilismo, penetrado na consciência nacional,
decorrente da humilhação da Guerra dos Trinta Anos.
Esse modo de pensamento de pregador – insosso, insípido e impotente –
possui a pretensão de impor-se no Partido mais revolucionário
que a história veio a conhecer ?”

Friedrich Engels [2]

Ora, a insurreição é uma arte, exatamente como a guerra ou qualquer outro tipo de arte.

A insurreição submete-se a certas regras cuja inobservância conduz à ruína da parte que é por ela responsável.

Essas regras – conclusões lógicas, extraídas da essência das partes e das relações com as quais se tem de lidar em um tal caso, – são tão claras e tão simples que a curta experiência do ano de 1848 levou a que os alemães se tornassem bastante familiarizados com elas.



Em primeiro lugar, não se pode jamais jogar com a insurreição, caso não se esteja firmemente decidido a assumir todas as conseqüências do jogo.

A insurreição é um cálculo com grandezas altamente indeterminadas cujos valores podem-se modificar, a cada dia.

As forças do adversário possuem todas as vantagens da organização, da disciplina e da autoridade tradicional, situadas do seu lado.

Não sendo possível confrontá-las com forte superioridade, o resultado é a derrota e a aniquilação.



Em segundo lugar, tendo-se uma vez tomado o caminho da insurreição, há de se agir com a maior resolução e assumir a ofensiva.

A defensiva é a morte de toda e qualquer insurreição armada.

Essa última já resulta perdida, ainda mesmo antes de ter medido suas forças como as dos inimigos.



Surpreende teu adversário, enquanto as forças por ele detidas encontram-se ainda dispersas;



Providencia, diariamente, a obtenção de novos êxitos, ainda que sejam tão pequenos ;



Mantém do teu lado a superioridade moral que o êxito inicial da insurreição te concedeu ;



Arrasta os elementos vacilantes para o teu lado, os quais seguem sempre o impulso mais forte e sempre se alinham do lado mais seguro ;



Força teus inimigos a recuarem, antes mesmo que possam reunir suas forças ;



Para usar as palavras de Danton, o maior mestre de tática revolucionária conhecido até o presente momento :



“De l’audace, encore de l’audace, toujours de l’audace!”

(Audácia, mais audácia e ainda sempre mais audácia!)[3]





Então, a Assembleía Nacional Constituinte deveria ter agido assim, com vistas a escapar da certeira ruína que a ameaçava ?

Ela havia, sobretudo, de ter concebido claramente a situação e se convencido de que não existia mais nenhuma outra opção senão a de se submeter incondicionalmente aos Governos ou colocar-se, sem qualquer reserva e sem qualquer hesitação, do lado da insurreição armada.

Em segundo lugar, devia ter-se posicionado, publicamente, em favor de todas as sublevações que já haviam eclodido, conclamando o povo, por todos os lados, a recorrer às armas para a defesa dos representantes da nação e, além disso, declarar como fora-da-lei todos os príncipes, ministros e todos os demais que ousassem se opor ao povo soberano, representado por seus mandatários.

Em terceiro lugar, cumpria ter destituído, imediatamente, o Representante do Império Alemão, criar um Poder Executivo forte, ativo e implacável, convocar para se dirigirem a Frankfurt tropas insurrecionais, encarregadas de sua imediata proteção e, assim, fornecer, concomitantemente, um pretexto jurídico à expansão da insurreição, aglutinando todas as forças colocadas à sua disposição em um todo cerrado.

Em suma : utilizar, rapidamente e sem qualquer vacilação, todos os meios disponíveis para o fortalecimento de sua própria posição e enfraquecimento daquela detida por seu adversário.

Em face de tudo isso, os democratas virtuosos da Assembléia de Frankfurt fizeram, precisamente, o oposto.

Não satisfeitos com o permitir que as coisas seguissem o seu próprio curso, esses homens piedosos foram tão longe em sua resistência a ponto de reprimir todos os movimentos insurrecionais em preparação.

Isso foi realizado, por exemplo, pelo Sr. Karl Vogt, em Nuremberg.

Ficaram assistindo como as insurreições da Saxônia, da Prússia-Renana e da Vestfália, eram esmagadas, colocando-se a seu lado apenas com necrológios e protestos sentimentais contra a brutalidade desapiedada do Governo Prussiano.

Mantiveram uma correspondência diplomática secreta com os insurgentes, no Sul da Alemanha, tomando todos os cuidados, porém, para não os apoiar com uma declaração aberta.

Sabiam que o Representante do Império Alemão encontrava-se metido debaixo de uma mesma coberta com os Governos e, assim, dirigiram-se a ele, que não se havia movimentado, por nenhum minuto, com a exigência de que se opusesse às intrigas desses Governos.

Os Ministros do Império, velhos conservadores, escarnearam de cada uma das sessões dessa assembléia impotente e essa última permitiu ser por eles escarneada.

E quando Wilhelm Wolff, um deputado da Silésia e redator da “Neuen Rheinischen Zeitung(Nova Gazeta Renana)”, conclamou-a a declarar como fora-da-lei o Representante do Império Alemão, denominado-o, justamente, como primeiro e maior traidor do Império, foi vaiado pela indignação corajosa e virtuosa desses revolucionários democratas !

Em suma : eles continuaram a parlamentar, a protestar, a proclamar, a declarar, sem jamais terem tido a coragem ou a compreensão para agirem.

Entrementes, os seus inimigos, as tropas dos Governos, aproximaram-se, mais e mais, enquanto seu próprio Poder Executivo, o Representante do Império Alemão, conspirava, avidamente, com os Príncipes Alemães, visando à sua mais rápida eliminação.

Assim, essa assembléia desprezível perdeu, por si mesma, todos os indícios de respeito.

Em relação aos insurgentes que se levantaram em sua defesa, permaneceu ela inteiramente indiferente.

E quando, finalmente – tal como veremos -, conheceu seu vergonhoso fim, morreu, sem que seu declínio desonroso viesse a merecer a mais ínfima consideração.





EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA J. M. SVERDLOV”
PARA A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS

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[1] Cf. ENGELS, FRIEDRICH. Revolution und Konterrevolution in Deutschland (Revolução e Contra-Revolução na Alemanha) (08.1851 – 09.1852), especialmente Capítulo XVII : Der Aufstand (A Insurreição) (Agosto de 1852), in: Marx und Engels Werke (Obras de Marx e Engels), Vol. 8, Berlim : Dietz Verlag, 1960, pp. 95 e s. Anote-se que o presente texto, traduzido aqui para a língua portuguesa e todos os demais materiais escritos que compõe o livro de Engels em destaque constituem o resultado de uma coletânea feita a partir de seus artigos jornalísticos, publicados no jornal norte-americano „New-York Daily Tribune“, entre 1851 e 1852. Os títulos atribuídos a esses diversos artigos que, posteriormente, vieram a compor o livro de Engels em referência foram elaborados por Eleanor Marx-Aveling, filha de Karl Marx, visando à realização da publicação dessa obra em língua inglesa, em 1896.

[2] Cf. IDEM. A Subversão da Ciência do Senhor Eugen Dühring (Setembro de 1876 - Junho de 1878) in : Marx und Engels Werke (Obras de Marx e Engels), Vol. XX, Berlim : Dietz Verlag, 1962, pp. 169 e s.

[3] Assinalo que as palavras em destaque foram pronunciadas por Georges-Jacques Danton (1759 – 1794), em 2 de setembro de 1792, no quadro do encerramento de seu histórico discurso, proferido, nessa data, junto à sessão Assembléia Legislativa. Danton objetivava conclamar o povo francês a mobilizar-se para a guerra a ser travada contra o Sacro Império Austro-Prussiano que, desde 20 de abril de 1792, encontrava-se em estado de beligerância com a França Revolucionária. O novo avanço das tropas monárquico-intervencionistas, comandadas pelo Herzog von Braunschweig (Duque de Brunswick) (1735 – 1806), era inspirado pela ambição de colocar termo à propagação das idéias burguesas-revolucionárias em toda a Europa monárquico-feudal e restaurar Luís XVI sobre o trono da França. Após o discurso de Danton, o povo francês sublevado executou implavelmente “Os Massacres de Setembro” e, a seguir, em 20 de setembro de 1792, conquistou, sob o comando dos Generais Kellermann e Dumouriez, grandiosa vitória sobre as tropas monárquico-invasoras, em Valmy. No dia seguinte à Canhonada de Valmy, reuniu-se em Paris uma nova assembléia – denominada Convenção – que, superando a antiga Assembléia Legislativa – proclamou a Abolição da Monarquia Francesa e deu nascimento à Primeira República da história da França. Por proposição de Danton, passaram, em 22 de setembro de 1792, todos os atos públicos da França a serem datados de “Primeiro Ano da República”.

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