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Hamas na encruzilhada
Por LBI - Wednesday, Feb. 01, 2006 at 1:38 AM

PALESTINA



Hamas na encruzilhada: aceitar a cooptação imperialista ou avançar na luta pela conquista da verdadeira pátria palestina

O movimento Hamas (Resistência) conquistou 76 das 132 cadeiras nas eleições parlamentares da Autoridade Nacional Palestina (ANP), derrotando o Al Fatah do presidente da ANP, Mahmoud Abbas e do primeiro-ministro Ahmed Quorei, que imediatamente renunciou ao cargo junto com seu gabinete após a divulgação dos resultados oficiais das eleições de 25 de janeiro.

Em tese, o resultado dá direito ao Hamas indicar o primeiro-ministro e montar o novo gabinete ou vetar a indicação do premier que venha do presidente Abbas. Porém, as eleições legislativas da ANP são apenas para uma caricatura de parlamento, sem qualquer autonomia, que de fato está totalmente subordinado a Israel. O cargo de primeiro-ministro tem um peso político secundário, tanto que foi criado como uma concessão de Arafat ao imperialismo que buscava lideranças mais confiáveis para co-dirigirem a ANP com ele, portanto nada está ainda definido e irá depender das negociações em curso.

A espetacular vitória do Hamas representou, entretanto, um profundo revés nos planos dos EUA e de Israel em manter seus capachos do Al Fatah à frente da ANP. A própria eleição legislativa da ANP foi montada para dar seqüência ao processo de transição orquestrado desde a morte de Arafat.

Em janeiro de 2005 Mahmoud Abbas foi eleito presidente da ANP apresentado como um interlocutor de confiança do imperialismo e do sionismo, cuja “autoridade” foi saudada pela Casa Branca. Bush, logo após a posse de Abbas, organizou um encontro no balneário Sharm el Sheik, no Egito, entre a direção da ANP e Sharon para celebrar a retomada dos “esforços de paz”.

O próximo passo nestas eleições parlamentares era legitimar o gabinete indicado por Abbas desde 2005, que tinha como então primeiro-ministro Ahmed Quorei, também dirigente do Al Fatah. A camarilha corrupta da ANP e o imperialismo buscavam, assim, fechar um ciclo da farsa pretensamente democrática montada nos territórios palestinos. Seu objetivo era dar mais poderes a Abbas e a seus seguidores para avançarem nas negociações com Israel possibilitando que o enclave reforce a ocupação, via a construção de novas colônias, sobre as terras palestinas da Cisjordânia após a “saída” unilateral das tropas sionistas da Faixa de Gaza.

O próprio quadro incerto na política interna israelense com eleições marcadas para 28 de março no lastro da situação moribunda de Sharon e de uma forte disputa entre o Kadima e o Likud deu mais importância ao quadro da correlação de forças palestinas.

Washington tentou, desesperadamente, catapultar o Al Fatah nos últimos meses, com a liberação de milhões de dólares em “projetos sociais” claramente destinados a comprar votos. Por sua vez, Israel libertou poucos meses antes das eleições 900 dos 9200 presos políticos trancafiados em seus cárceres como prova de “confiança” na direção da ANP.

Todas as pesquisas indicavam que o Hamas chegaria no máximo a 30% dos votos entre os eleitores de Gaza, da Cisjordânia e do setor Oriental de Jerusalém autorizados a votar. Os refugiados palestinos, mais de quatro milhões, em parte concentrados no Líbano, foram sumariamente excluídos do processo eleitoral, porque a ANP sabia que seu voto seria maciço a favor do Hamas em protesto às concessões feitas pela dupla Abbas-Quorei. Israel, por sua vez, vetou a participação dos refugiados nas eleições porque representava o reconhecimento de seus direitos políticos.

A imprensa burguesa mundial chegou a anunciar a vitória apertada do Al Fatah. Porém, a mobilização popular organizada pelo Hamas contra a fraude, com a convocação de uma gigantesca manifestação na sede do parlamento palestino, forçou a comissão eleitoral a anunciar oficialmente, com um atraso de dois dias, a sua vitória por uma ampla margem, já que o Al Fatah conquistou apenas 43 cadeiras no legislativo.

Os grupos laicos, Palestina Independente e a FPLP, tiveram baixa votação devido à forte polarização eleitoral. A Jihad Islâmica se absteve denunciando as eleições como parte do cronograma estabelecido pelos Acordos de Oslo, posição idêntica a anteriormente assumida pelo Hamas nas eleições legislativas de 1996 e nas presidenciais de 2005.

A montagem do novo “governo palestino” após a vitória do Hamas está sendo objeto de ampla especulação. A imprensa burguesa cinicamente discute as possibilidades como se a Palestina fosse um Estado soberano e a democracia burguesa funcionasse em sua plenitude. Mas a própria ANP nunca mereceu ser chamada de “governo palestino”. Essa estrutura surgiu como parte dos Acordos de Oslo, celebrados em 1993, quando Arafat e a OLP abriram mão da defesa da destruição do Estado de Israel em troca da criação de uma “autoridade” financiada com milhares de dólares pelos EUA e a Comunidade Européia para reprimir a resistência palestina a fim de tornar os territórios ocupados por Israel mais seguros para a colonização ianque-sionista.

Os limites impostos pela resistência palestina aos planos imperialistas, entretanto, acabaram por revelar a impotência do corrupto Al Fatah de comandar esse processo, incapaz de ao mesmo tempo satisfazer as demandas de Israel e do povo palestino. Tanto que o grupo criado por Arafat teve dificuldades em apresentar uma lista única nestas eleições devido à ampla corrupção em suas fileiras. O partido de Abbas finalmente, como última tentativa de angariar a simpatia popular, optou por unificar a lista, juntando a velha guarda corrupta da ANP com a nova geração combatente, dirigida por Marwan Barghuti, que figurou na cabeça da lista, apesar de estar preso nos cárceres em Israel. Não adiantou muito a manobra do Al Fatah. Paradoxalmente, o voto da maioria dos palestinos no Hamas – mais de 78% deles compareceram as urnas – foi dirigido contra o “processo de paz” que permitiu a realização destas mesmas eleições tuteladas pelos EUA e Israel. Se para o imperialismo ianque e o sionismo se tratava de mais uma etapa na submissão da ANP a seus ditames, o povo palestino resolveu utilizar a farsa democrática para demonstrar seu repúdio à ocupação sionista, escolhendo para ter maioria no parlamento o Hamas, organização que encarna a resistência palestina desde sua criação em dezembro de 1987, pouco antes da eclosão da primeira Intifada.

HAMAS QUE APOIOU OS ATAQUES DE 11 DE SETEMBRO É INSTADO POR BUSH A SER “SÓCIO DA PAZ”!

A política de cooptação lançada pela burguesia mundial para controlar o Hamas forçou-a a secundarizar momentaneamente o fato de o movimento constar na lista de “organizações terroristas” da UE desde setembro de 2003 e, bem antes, na relação do Departamento de Estado dos EUA por organizar ataques a Israel e ter apoiado politicamente os ataques de 11 de setembro ao Pentágono e as Torres Gêmeas.

Os EUA e Israel, que agora instam o “terrorista” Hamas a ser “sócio da paz” com a condição de que a organização entregue as armas para debilitar a resistência palestina e reconheça a existência do enclave sionista, levaram a cabo uma verdadeira cruzada de terrorismo de Estado para exterminar fisicamente os dirigentes do grupo guerrilheiro islâmico. O líder espiritual e fundador do Hamas, o xeque Ahmed Yassin, mesmo cego, velho e paraplégico, foi assassinado por mísseis israelenses em 22 de março de 2004 como parte da política de “assassinatos seletivos”. Um mês depois seu sucessor, o médico Abdel Aziz Rantisi, ex-preso político do Estado de Israel que também esteve preso pela própria ANP acusado de “destruir os esforços pela paz”, foi assassinado pelas forças de segurança sionistas.

Tão logo foram proclamados os resultados oficiais das eleições palestinas, a chamada “comunidade internacional”, ou seja, o imperialismo ianque, a União Européia (UE) e a ONU se lançaram à tarefa de ameaçar o Hamas ao mesmo tempo em que adotaram um claro discurso de cooptação.

Como parte da farsa em torno das eleições legislativas da ANP o comunicado divulgado pela ONU “parabeniza o povo palestino pelo sucesso de um processo eleitoral livre, justo e seguro”, ou seja, “saúda” o Hamas por ter respeitado e participado do circo democrático montado pelo chamado Quarteto de Madri (ONU, EUA, UE e Rússia) para legitimar a ANP, um instrumento criado para ser carrasco de seu próprio povo.

Avançando nesse terreno, o Secretário Geral da ONU, Kofi Annan, declarou no Fórum Mundial Econômico, em Davos, que “há uma profunda contradição em carregar armas e participar de um processo democrático e ter cadeira no parlamento” exigindo uma definição do grupo islâmico.

Já a comissária européia de Relações Exteriores, Benita Ferrero, responsável pela ajuda financeira da UE a ANP foi mais direta na chantagem ao Hamas, afirmando que “o bloco está disposto a trabalhar com qualquer governo se o governo estiver disposto a fazer a paz e avançar com métodos pacíficos”.

A União Européia historicamente tem financiado os programas sociais do Hamas em uma espécie de divisão de tarefas com os EUA. Enquanto Washington alimenta Israel com três bilhões de dólares por ano a fundo perdido e financia parte da estrutura militar e de inteligência da ANP em sua tarefa de ser uma força repressiva interna da resistência palestina, países europeus que pagam os salários dos funcionários civis da ANP injetam recursos nos programas assistencialistas do Hamas. O Hamas tem uma enorme rede beneficente na Cisjordânia e na Faixa de Gaza e centrou sua campanha em temas internos como educação, assistência social unindo essa plataforma ao fato de ser vanguarda na Intifada e no combate à corrupção da ANP.

Usando estas fontes de financiamento como um elemento de pressão, a Ministra de Assuntos Exteriores da Suíça, Micheline Caly-Rey, expressou o que pensam os aportadores europeus: “A gestão do Hamas tem demonstrado ser boa tanto nos assuntos municipais como nos de caráter social. O acesso do grupo ao poder pode avançar o processo de paz”. O Alto representante de Política Externa e Segurança Comum da UE, Javier Solana, foi mais reticente e declarou que “a vitória do Hamas cria uma situação totalmente nova. A posição da UE em apoio ao reconhecimento de Israel e a uma solução negociada e pacífica que leve o estabelecimento de dois Estados é bem conhecida”.

Não por coincidência, foi Bush quem expressou claramente a política oficial do imperialismo mundial em relação ao Hamas. Em um tom diplomático o facínora ianque afirmou: “Os EUA não apóiam um partido político que quer destruir nosso aliado Israel. Eles devem renunciar a essa parte de sua plataforma. Um partido político que articula a destruição de Israel como parte de sua plataforma é um partido com o qual não dialogaremos. Se sua plataforma é a destruição de Israel, isso significa que não é sócio para a paz. O que nos interessa é a paz. O que é positivo é que foi um alerta para a liderança palestina, obviamente as pessoas não estão contentes com o status quo”. Seguindo seu chefe, o presidente de Israel, Moshé Katsav, disse que: “Se o Hamas se encaminhar em direção à paz, poderemos avançar rumo à paz” ao mesmo tempo em que preventivamente o enclave sionista reteve, frente à vitória eleitoral do Hamas, a transferência dos impostos alfandegários e sobre valor agregado que recolhe em nome dos palestinos, uma das fontes de financiamento do Orçamento da ANP, algo em torno de 50 milhões de dólares mensais.

O Quarteto de Madri exige justamente que o Hamas rompa com sua posição de opor-se aos Acordos de Oslo, seguindo assim o caminho da OLP que abriu mão em 1993 da bandeira histórica da destruição do enclave sionista em troca da administração da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, regiões onde se concentrou a população palestina após a sua expulsão de seu território em 1948.

O capitalismo mundial leva a cabo essa pressão porque sabe da dependência material do Hamas tanto do imperialismo europeu como das burguesias árabes, ao mesmo tempo em que se apóia na política vacilante do grupo no último período, que participou do acordo de cessar fogo com Israel e a ANP durante o ano de 2005.

O vice-líder da Irmandade Islâmica, Hohamed Haib, já sinaliza essa perspectiva em curso: “Os norte-americanos vão manter contatos secretos com o Hamas. Na verdade esses contatos já começaram. Mas, em um primeiro momento, eles vão fazer pressão para que o Hamas mude algumas de suas idéias. Os comentários feitos por autoridades americanas sobre as condições para negociar com o Hamas mostram que um processo de diálogo já começou antes das eleições”.

A burguesia árabe e muçulmana também entrou em cena para apoiar a política de rendição preventiva do Hamas. O presidente paquistanês, Pervez Musharraf, aliado de Bush na guerra contra o Talebã no Afeganistão apelou: “Não fechem as portas para o Hamas, avaliemos suas atitudes e pressionemo-lo a se comportar corretamente. Uma igual pressão deve ser posta sobre o outro lado, Israel. Enquanto se aceita a realidade de Israel, devemos aceitar a realidade da criação da pátria palestina. Vamos dar uma chance ao Hamas”. “Se o Hamas formar o governo, ocupar a Autoridade, tendo responsabilidade de governar, negociar, obter a paz, será diferente do Hamas que é uma organização cujas pessoas estão nas ruas”, disse o chefe da Liga Árabe, Amr Moussa. Por fim, o rei Abdullah II, da Jordânia, expressou fielmente a política do imperialismo para o Oriente Médio: “Apesar dos resultados das eleições palestinas, a solução dos ‘dois estados’ continua sendo a solução lógica e plausível. Assegura a segurança e a estabilidade na região e satisfaz a aspiração do povo palestino de um futuro melhor”.

A MUDANÇA DA ESQUERDA REFORMISTA: O HAMAS DE UM “BÁRBARO GRUPO TERRORISTA” A BALUARTE DA LUTA ANTIIMPERIALISTA

O conjunto da esquerda mundial condenou os ataques de 11 de setembro às Torres Gêmeas e ao Pentágono, caracterizando aquela resposta militar dos povos árabes e mulçumanos por meios militares não convencionais como uma “bárbara ação terrorista contra inocentes”, integrando objetivamente a ampla frente mundial contra-revolucionária comandada por Bush. Agora, essa mesma cepa de “democratas” e “progressistas” se regozija com a vitória do Hamas, organização que apoiou publicamente os “atentados” aos EUA.

O Hamas recorre em sua luta contra a ocupação sionista financiada pelos EUA (homens e carros bombas, ataques a alvos civis e militares israelenses, etc.) aos mesmos métodos utilizados pela Al-Qaeda. No entanto, a organização de Bin Laden foi execrada pela intelectualidade “progressista” e a esquerda reformista sob a acusação de ter sido responsável por prover Bush, com os ataques de 11 de setembro, do pretexto que desejava para desencadear sua ofensiva belicista no planeta. Cinicamente, com a vitória nas eleições palestinas o “popular” Hamas, que marcou sua trajetória por ousadas ações militares contra Israel, é apresentado por esses mesmos canalhas como baluarte da luta antiimperialista no Oriente Médio. Ao contrário de acusarem o Hamas de ser um “grupo terrorista provocador”, como fizeram com a Al Qaeda, apresentam-no agora como uma espécie de partido político islâmico de esquerda.

Essas mesmas vozes “teorizam”, como parte da pressão de “esquerda” para que o Hamas capitule ao imperialismo, que este deva abrir negociações de paz com Israel e os EUA desde uma “outra perspectiva” como argumenta Ricardo Lopez Dusil, do jornal progressista espanhol, o Correspondente: “As implicações reais do resultado da eleição serão evidentes nas primeiras ações do Hamas. O triunfo também é uma disjuntiva para este movimento: ou renova sua opção militarista ou aproveita o espaço político que acaba de ganhar. Por outro lado, o Hamas – que é muito mais que uma milícia armada – está integrado por correntes diversas e em suas fileiras convivem ‘falcões’ e ‘pombas’”.

Para esses senhores de “esquerda” o “Hamas negociará diferente, sem submissão, porque enquanto seus políticos sentam à mesa com os EUA e Israel, seus soldados militantes protegerão o seu povo e, em pouco tempo esses militantes armados, formarão o exército regular da Palestina” ou ainda que o “Hamas irá negociar com Israel, mas como iguais e não como a velha ANP que fez tantas concessões sem nunca ter obtido nada em troca”. Argumentam, por fim, que “O Hamas observou uma trégua unilateral com Israel durante um ano e assinalou que quer continuá-la se houver ‘reciprocidade’ de Israel. O movimento evidentemente acredita que pode fazer tal oferta a partir de uma posição de força e taticamente vantajosa para si deixar a incerteza sobre quando e como retomará a resistência armada em plena escala”.

“Evidentemente”, essa orientação contra-revolucionária está a serviço da defesa da suposta coexistência pacífica dos “dois estados”, ou seja, a favor da estratégia oficial imperialista, defendida por Bush, o moribundo Sharon, a União Européia e boa parte da “esquerda”. Os mesmos “progressistas” que condenaram os ataques de 11 de setembro como porta-vozes da bestial onda antiterrorista da “opinião pública” mundial agora se alinham novamente a Bush aconselhando o Hamas a “negociar a paz”, ou seja, trair a resistência palestina.

A LBI foi à única organização marxista a caracterizar os ataques de 11 de setembro contra as Torres Gêmeas e ao Pentágono como uma reposta militar legítima dos povos oprimidos e das organizações árabes e mulçumanas contra a guerra de baixo impacto que até então os EUA levavam a cabo na região, com os ataques ao Afeganistão, Iraque e Sudão anteriores a 2001.

OS LIMITES DO PROGRAMA TEOCRÁTICO-BURGUÊS DO HAMAS

As primeiras declarações dos dirigentes do Hamas após as eleições indicam que a organização acena para se incorporar às negociações de paz, ainda que esse debate a esteja dividindo.

O máximo dirigente político do Hamas no exílio, Khaled Meshaal, telefonou para Abbas prometendo “um compromisso de parceria com todas as forças palestinas, inclusive com os irmãos do Fatah” o que aponta para a formação de uma gestão compartilhada da ANP com a dupla Abbas-Quorei como um sinal de “boa vontade” ao imperialismo.

Já Ismail Haniyeh, porta-voz do grupo, afirmou que: “A resistência contra a ocupação até expulsá-la dos territórios palestinos e nos devolver nossos direitos e, acima de tudo, Jerusalém, os refugiados e a libertação de prisioneiros”. Em um terreno intermediário, Mahmoud al-Zahar, um dos mais populares dirigentes do Hamas, declarou “A luta armada contra Israel continuará e nossa vitória levará Israel a fazer concessões aos palestinos”.

A base de toda essa “confusão” no seio da direção do Hamas é a ausência de um programa revolucionário e comunista que se apóie nas massas palestinas e do mundo árabe para destruir o enclave sionista. Seu programa teocrático, sua estratégia burguesa, suas relações de classe com os capitalistas da região e com o próprio imperialismo europeu são um obstáculo ao Hamas ser conseqüente na luta pela conquista da verdadeira pátria Palestina, retomando os territórios roubados por Israel em 1948 a partir de uma nova Intifada, melhor armada e organizada.

A estratégia do Hamas é a implantação de um Estado islâmico na Palestina, um objetivo reacionário frente aos interesses históricos do proletariado mundial. O próprio Hamas já anunciou que o retorno de Israel as fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias (1967) e a criação de um Estado provisório na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e em Jerusalém Oriental com o regresso dos refugiados e a liberdade dos presos políticos é base para uma trégua duradoura de no mínimo dez anos.

A vitória eleitoral do Hamas precisa ser um ponto de apoio para o levante das massas palestinas. Sua resposta à chantagem do imperialismo deve ser um chamado à unidade do povo árabe e mulçumano na tarefa de destruir o enclave sionista. Caso o Hamas se vergue às exigências da Casa Branca, a heróica luta palestina já provou que fará surgir novos grupos de resistência para enfrentar a ocupação sionista. Estes devem superar o programa burguês-teocrático do Hamas sobre uma perspectiva revolucionária.

O imperialismo ianque, a UE, a ONU, as burguesias árabes e seus papagaios de “esquerda” se lançam desesperadamente a repetir a cantilena que o Hamas deve atuar “responsavelmente” e a “moderar” suas posições. Isso significa abandonar todas as formas de resistência para assumir o dócil e cúmplice papel desempenhado até agora pelo Al Fatah.

O pedido dos EUA para que o Hamas “reconheça Israel” é como voltar ao passado, quando a mesma exigência foi feita a OLP de Arafat. Toda a posterior submissão da OLP a esses “apelos” não conduziu a qualquer recuo das garras de Israel e dos EUA sobre os palestinos e o Oriente Médio, ao contrário, o imperialismo ianque e sua máquina de guerra sionista avançaram em seu controle político e militar na região.

Ante a possível negativa do Hamas de subordinar-se aos ditames da Casa Branca, Bush prepara uma nova ofensiva militar na Palestina, como parte do plano de estabilização da região que inclui como alvos o Irã e a Síria.

Nessa batalha, os trotskistas estão incondicionalmente no campo militar dos povos oprimidos, independente de suas direções reformistas, nacionalista-burguesas ou islâmicas, preservando seu programa da revolução socialista e seu método de construção para forjar o partido revolucionário internacionalista. Não fazemos coro com o imperialismo e seus congêneres da esquerda domesticada, em condenar as ações “violentas” das massas oprimidas que utilizam os meios de que dispõem para infringirem baixas no campo imperialista. Como marxistas revolucionários defendemos a destruição do enclave usurpador de Israel e a construção de uma Palestina Soviética como parte da luta pela Federação das Repúblicas Socialistas do Oriente Médio e da Ásia Central. Temos profunda convicção de que as burguesias árabes e as organizações de corte islâmico, como o Hamas, são adversárias mortais desta estratégia política, mas entendemos o exato momento da frente única e da unidade de ação para derrotar o imperialismo mundial!


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