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Montado o cenario para o segundo turno con contrapeso 'verde' e alerta para osALERTA PARA
Por Liga Bolchevique Internacionalista - Monday, Oct. 04, 2010 at 12:53 PM
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A introdução de Marina Silva na contenda presidencial pelas mãos da burguesia "progressista" vai muito mais além da realização do segundo turno. Trata-se de não simplesmente fortalecer o bando tucano-serrista como alternativa de poder a frente popular, mas sim da construção de um novo bloco político de oposição capaz de transitar livremente por todas as frações das classes dominantes sem causar arrepios.

UM PRIMEIRO BALANÇO ELEITORAL

BURGUESIA MONTA O CENÁRIO PARA UM SEGUNDO TURNO COM CONTRAPESO “VERDE” E SINAL AMARELO PARA OS “VERMELHOS” DOMESTICADOS

Em uma das eleições gerais mais frias e apáticas desde o retorno das diretas para presidente em 89, com um alto índice de abstenção e votos nulos algo em torno de 27%, a burguesia novamente impôs um segundo turno às aspirações da frente popular, reeditando as versões fraudulentas de 2002 e 2006.

Agora o fato novo é a entrada em cena de uma protagonista que não está escalada diretamente para o embate final que ocorrerá em 31 de outubro, estamos obviamente falando da candidata do PV, a ex-petista Marina Silva, em cujos ombros parece repousar o resultado da equação final para a disputa pelo controle do botim estatal. Com a sua surpreendente votação que quase atingiu a casa de 20%, Marina converteu-se no principal elemento do paradoxo político em curso para a burguesia.

Em um comício ocorrido na cidade de Campinas, há cerca de quinze dias do primeiro turno, Lula diante da iminente “bala de prata” da mídia capitalista, quando não paravam de chover acidamente denúncias contra seu governo, resolve radicalizar o discurso e ameaçar frontalmente setores da burguesia dispostos a chantagear Dilma Rousseff. Neste exato momento o “conselho político” das classes dominantes resolveu frear a recaída de um Lula com um viés “chavista”, apoiado pelo instinto de classe do movimento operário, deliberando pela realização do segundo turno presidencial. Como excelente estrategista de longo prazo desde a época do império, passando por Bonifácios e Golberys, o “conselhão” da burguesia, composto pelas principais corporações econômicas nacionais, comunicou a Lula a decisão de um segundo turno e o alertou para bloquear as possíveis tendências radicalizantes da frente popular. Lula e o PT adocicaram imediatamente a vocalização de esquerda, aceitando mais uma vez, na verdade aceitam desde 89, os desígnios “sagrados” da vontade dos senhores do mercado.

Como já havíamos caracterizado em um artigo recente, a introdução de Marina Silva na contenda presidencial pelas mãos da burguesia “progressista” vai muito mais além da realização do segundo turno, ainda que seu vertiginoso crescimento tenha sido o elemento central da impossibilidade da vitória da frente popular já no primeiro turno. Trata-se de não simplesmente fortalecer o bando tucano-serrista como alternativa de poder a frente popular, mas sim da construção de um novo bloco político de oposição capaz de transitar livremente por todas as frações das classes dominantes sem causar arrepios. Marina Silva tem essas credenciais ideológicas e não deverá “queimá-las” apoiando qualquer um dos dois candidatos na atual disputa, mesmo sendo o PV controlado majoritariamente por semi-tucanos.

A oposição demo-tucana mesmo conseguindo prolongar sua agonia até o fim de outubro saiu profundamente castigada destas eleições. É verdade que conservaram o Estado de São Paulo, “elegendo” Alckmin e “nomeando” Aloysio Nunes senador em uma das maiores fraudes cometidas na calada da noite. Acontece que toda a tropa de choque de Serra e FHC foi varrida do cenário: Arthur Virgílio, Tasso Jereissati, Heráclito Fortes, Marco Maciel, etc... sem falar dos aspirantes abatidos em pleno vôo como Cezar Maia, Tucanos e democratas somados ao PPS não atingem sequer a bancada do PMDB no senado.Na Câmara dos Deputados o quadro não é diferente, a base de apoio da frente popular atinge uma folgada maioria de mais de 400 deputados sobre um DEM e PSDB muito fragilizados. No marco da disputa dos governos estaduais, manteve-se um certo equilíbrio federativo com a manutenção da mesma correlação atual de forças. Mas uma possível saída de Aécio Neves do ninho tucano poderia decretar o fim deste frágil equilíbrio em termos estaduais, já que no Congresso Nacional a hegemonia do arco de forças em torno da candidatura Dilma está muito bem sedimentada, contando inclusive com a maioria necessária para mudanças constitucionais.

O PT, que obteve a maior bancada na câmara federal, manteve todos os governos que conquistou em 2006, a exceção do Pará que até o momento caminha para um segundo turno muito difícil, ampliando no Rio Grande do Sul e possivelmente no Distrito Federal. A figura de Lula sai muito fortalecida como propulsora do “boom” econômico e da pacificação política e social do país. Com um movimento operário atado à política de colaboração de classes, as atuais campanhas salariais assumem um caráter economicista e inofensivo aos interesses mais globais da burguesia. A campanha salarial em curso dos bancários levada “a frio” é um bom exemplo da atual situação de “entorpecimento” coletivo das mobilizações operárias e populares. Neste panorama de estabilidade é possível até que o PT flexione um moderado giro a esquerda para consolidar a liderança do governo Dilma para além dos programas assistenciais como o bolsa família.

A outra vítima de sua própria política de acomodação institucional foi a chamada “oposição de esquerda”. A candidatura do PSOL à presidência, representada pelo ex-democrata cristão Plínio de Arruda, obteve menos de um por cento dos votos (0,88%), se compararmos ao desempenho de Heloísa Helena em 2006 (6,85%) teremos a dimensão do enorme retrocesso político dos revisionistas em sua caminhada contra os “excessos do capitalismo”. Tendo como principal objetivo ampliar sua bancada parlamentar a tragédia do PSOL é ainda mais intensa. Heloísa Helena que abriu mão de ocupar o carro chefe do PSOL, alegando uma eleição segura para o senado em Alagoas, quebrou redondamente a cara, mesmo se apoiando na chamada “onda verde”. Sua “colega” gaúcha Luciana Genro que também bombardeou a candidatura Plínio teve o mesmo destino e perdeu seu posto no parlamento, mas ao menos tem uma “boquinha” garantida pela vitória do pai ao governo do Rio Grande do Sul. Já Ivan Valente tem o desfecho de sua reeleição à deputado federal nas mãos do Paulo Maluf, ou seja, se o TSE deferir o recurso do PP e contabilizar os votos do ex-prefeito de São Paulo o PSOL não atingirá o quorum exigido para a eleição de Ivan .Bem mesmo, eleitoralmente falando, saiu Chico Alencar do Rio assegurando sua reeleição à Câmara dos Deputados e colocando o “big brother” Jean, recém filiado ao PSOL na onda das “celebridades” como Tiririca, mulher-pêra, Romário, etc..., como segundo deputado eleito da chapa do PSOL carioca com pouco mais de dez mil votos. Além dos possíveis três parlamentares eleitos, Chico Alencar, Jean e Ivan Valente (?), o PSOL volta ao Senado com Randolfe Rodrigues, eleito pelo Amapá em uma coligação informal com o PTB de Collor e Roberto Jefferson, também apoiado pelo senador José Sarney. Este será o calibre político da próxima bancada do PSOL no Congresso. Um ex-big brother, um sarneysista e o rescaldo de dois psolistas “históricos” Chico e possivelmente Ivan Valente, representantes da ala mais adaptada ao regime. Com uma “oposição de esquerda” como esta Dilma não precisa se preocupar muito, isto é, se o próprio PSOL conseguir sobreviver na etapa da luta de classes que está se abrindo para 2011.

Os “órfãos” queixosos da grande mídia capitalista, PSTU, PCB e PCO, não tiveram melhor sorte que o “primo rico” ex-mantenedor da frente de esquerda em 2006. O PSTU cravou pouco mais de 80 mil votos na disputa à presidência. O mesmo Zé Maria quando se lançou em 2002 obteve cerca de 400 mil votos. Isto para quem afirmava que em 2010 o capitalismo estaria a um passo da extinção pela via da falência dos operadores das bolsas de valores! Agora pelo menos esperamos que os morenistas não repitam o voto “crítico” que depositaram no PT no segundo turno de 2002, alegando o velho e surrado refrão reformista da necessidade de “derrotar” a direita. Já o PCO quase desaparece com o seu candidato, o messias do apocalipse final, Rui Pimenta, colhendo pouco mais de 10 mil votos (0,01%) em uma eleição que tiveram acesso a rede nacional de televisão por quase um minuto em três dias da semana. De nada vale a legalidade partidária para esses revisionistas covardes, como o PSTU e o PCO, que temem a denúncia vigorosa do circo eleitoral e “amarelam” diante do enfrentamento político com este regime fraudulento da democracia dos ricos. Quanto ao PCB que inclusive esteve coligado oficialmente com o PTB de Collor no Amapá na vã esperança de reeleger seu único deputado estadual, experimentou o amargo sabor de ser barrado no baile do Parlamento burguês, com uma votação humilhante.

A classe operária e o povo oprimido já começaram a compreender, ainda que muito embrionariamente, que a farsa eleitoral de tão grotesca e hedionda não justifica sequer um deslocamento até a urna eletrônica. Agora a tarefa que se impõe é impulsionar uma ampla campanha ativa pelo boicote eleitoral denunciando as duas candidaturas burguesas como duas faces da mesma moeda capitalista e preparando nossos melhores esforços para o enfrentamento de classe com o gerente geral dos negócios da burguesia que será ungido da ficção das urnas no próximo dia 31.

LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA

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