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"Delirius Tremens" E ultra-oportunismo: as marcas do revisionismo do século XXI
Por Liga Bolchevique Internacionalista - Thursday, Feb. 17, 2011 at 2:40 PM
lbiqi@hotmail.com

Leia o editorial do jornal Luta Operária, nº 208, 1ª Quinzena de Fevereiro/2011 e logo abaixo o sumário completo desta edição

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EDITORIAL
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"Delirius tremem" e ultra-oportunismo são as marcas do revisionismo do século XXI

No final da década de 70 o dirigente do agrupamento Política Operária, hoje Partido Obrero argentino, Jorge Altamira, publicou um artigo na revista Internacionalismo nº 01 onde criticava duramente o revisionista Nahuel Moreno por sua adaptação a "tudo que se movimenta na terra". Segundo Altamira, Moreno enxergava em um "alvoroço de praça" uma grande mobilização, em uma mobilização de massas uma "revolução triunfante" e na outra face do oportunismo, ao caracterizar uma marcha contra-revolucionária dos acontecimentos em um fenômeno profundamente "progressista e democrático". Altamira ironizava o grotesco revisionismo morenista, que simbolizava a política do conjunto da esquerda pseudotrotskista. Passados quase vinte e cinco anos da morte do dirigente da LIT, podemos concluir que Moreno post mortem "derrotou" seus críticos detratores, "contagiando" não só Altamira, mas todo o arco internacional do revisionismo com seu mais duro delírio oportunista do culto ao "espontaneísmo das massas". Foi assim com a queda do Muro de Berlim e logo depois com o "contra-golpe" de Ieltsin para liquidar a URSS em agosto de 1991. Por ironia da história, Altamira que denunciava as posições pró-imperialistas de Moreno em apoiar freneticamente os guerrilheiros mujahedim que combatiam o Exército Vermelho no Afeganistão ocupado pela URSS, uma década depois saiu a saudar a anexação capitalista da Alemanha Oriental como um fato de "grandes proporções revolucionárias".

Hoje assistimos a um brutal retrocesso programático do conjunto da esquerda que ainda reivindicava a teoria marxista e, em particular, um vertiginoso rebaixamento político e conceitual da própria esquerda revisionista do trotskismo. Se para os ex-stalinistas, hoje reformistas domesticados, governos como Evo, Correa e Chávez são a expressão de um "socialismo possível", para os revisionistas do trotskismo qualquer mobilização de massas, independente de seu conteúdo e estratégia, já significa a iminência da revolução ou mesmo a própria revolução imaginária, lógico que tanto reformistas como revisionistas no final da suposta revolução sempre convergem para o "campo democrático" e suas instituições parlamentares por excelência. Quando do crash financeiro das bolsas imperialistas em 2008, este arco político logo se apressou em "profetizar" o colapso final do modo de produção capitalista, para em seguida arrebentarem seus prognósticos no recrudescimento da ofensiva capitalista mundial desencadeada. No ano passado, com as greves e massivas mobilizações protagonizadas pelo proletariado no velho continente, muito combativas, mas de fato defensivas e via de regra derrotadas pela condução social-democrata de suas direções, esta mesma "família" delirava afirmando que Sarkozy e Papandreou não governavam mais.

Mas, agora com as "revoltas populares" que eclodiram no mundo árabe, precisamente na Tunísia e Egito, a esquerda revisionista bateu todos os recordes possíveis de delírios programáticos e oportunismo político em toda linha, capaz até de envergonhar o finado Moreno nas "profundezas de seu túmulo". Seus discípulos e antigos algozes radicalizaram muito sua "teoria" das "revoluções democráticas", uma versão revisionista e requentada da revolução por etapas, defendida apaixonadamente pelos velhos stalinistas e maoístas. É bom lembrar que o próprio Moreno sempre apresentou sua "contribuição" teórica ao marxismo com muita discrição e por muitas vezes retardatariamente. Foi assim que, por exemplo, os militantes morenistas no Brasil só vieram a saber dois anos depois que no Brasil ocorrera, segundo a imaginação fértil de Moreno, uma autêntica revolução democrática no ano de 1984 em meio a campanha multitudinária das Diretas Já. Na Argentina as mobilizações que forçaram a renúncia da Junta militar logo após a guerra das Malvinas também foram consideradas um genuíno exemplo de "Revolução de Fevereiro"... que nunca alcança o seu "Outubro". Contudo, neste momento no mundo árabe a "grande família" nem precisa esperar por um "Outubro" para classificar os protestos de rua no Egito como: "uma autêntica revolução! Popular, operária, estudantil, de massas que se baseou no método de luta insurrecional... uma revolução socialista por seu conteúdo, ainda que sem uma direção organizada neste sentido." (extraído do site do Movimento Revolucionário em 14/02/2011). Vejamos que o MR, um recente racha ultra morenista do PSTU, acaba de anunciar a segunda revolução socialista ocorrida neste planeta, a primeira, é claro, foi a Revolução Russa de 1917, a única diferença para estes palhaços seria a falta de "uma direção organizada". Muito mais do que uma idiotice teórica, estes morenistas concentram toda a caracterização que está sendo elaborada pela esquerda revisionista acerca do processo político que atravessa o Egito e Tunísia. O PTS/LER que se recusa a reivindicar o legado morenista também navega na mesma correnteza, sustentando que "Mubarak foi derrubado de forma revolucionária". A LER avança no delírio oportunista e tenta polemizar com os que considera "céticos" por não embarcarem na absoluta ausência de critérios revolucionários. Em um artigo assinado por Thiago de Sá assinala: "A queda revolucionária de Mubarak significa também um tapa na cara de todos os céticos, o processo revolucionário mostra a capacidade de todo o povo explorado"(site da LER, 12/02/2011). Os morenistas "autênticos" da LIT, é óbvio, regem a orquestra revisionista cantando loas ao "grande triunfo da revolução no Egito". Para não ficarmos repetitivos e cansativos vale registrar a posição de altamiristas e loristas (PO e POR). Os primeiros defendem que a revolução no Egito e Tunísia agora adentra em sua "segunda fase", ou seja, a "socialista", já os loristas do POR brasileiro primeiro alertaram que a "revolução no Egito corre perigo" para depois concluírem pateticamente que a revolução pariu um "golpe militar contrarrevolucionário no Egito", ou seja, o delírio político transitou da revolução das massas ... a um golpe pinochetista na cabeça destes idiotas!

O ilusionismo da realidade, um caso típico de embuste programático que marca o revisionismo do século XXI não passa de uma inútil tentativa de desconsiderar a etapa reacionária da luta de classes em escala mundial. Na Tunísia ou no Egito não ocorreu nenhuma revolução, sequer "democrática" ou de "fevereiro" como preferirem no catálogo dos revisionistas. O ascenso de massas esteve muito longe de abalar o conjunto das instituições do regime político, e sequer assumiram um nítido caráter anti-imperialista. As revoltas populares no mundo árabe contra os velhos tiranos pela ausência de uma direção classista e norte socialista, conseguiram no máximo forçar a transição do governo de turno dentro da mesma estrutura social e econômica do Estado capitalista e suas instituições burguesas. O imperialismo ianque acompanhou de perto este processo, que em momento algum saiu do controle dos seus planos militares para a região. Não por coincidência, a Casa Branca estimula os "protestos" no Irã e na Líbia, alinhando-se com a oposição reacionária. Muito provavelmente veremos novamente o arco revisionista vibrar com "as mobilizações contra a ditadura" no Irã e na Líbia, assim como fizeram em Cuba na crise dos balseros.

Para os bolcheviques leninistas intervir ativamente no curso das mobilizações populares, quando estas representam um sentimento progressista das massas, lutando para estendê-las para o campo da classe operária e dotá-las de um programa revolucionário, é uma tarefa prioritária. Sem alimentar as falsas ilusões delirantes e oportunistas é necessário afirmar vigorosamente que sem a construção de um partido operário e revolucionário de massas nenhuma revolução socialista ocorrerá e tampouco sem a existência de uma ampla vanguarda anti-imperialista nenhuma "revolução democrática" triunfará no mundo árabe ou em qualquer parte do planeta. Somente com a existência de organismos de poder das massas, dotadas de uma estratégia militar, será possível levar a frente uma verdadeira Revolução de Fevereiro, que possa significar realmente a ante-sala da revolução social. A tentativa de apresentar novas "fórmulas" de revolução não passa de mais um engodo da "família" revisionista para fazer retroceder ainda mais a consciência do proletariado mundial.

LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA

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SUMÁRIO DO JORNAL LUTA OPERÁRIA - Nº 208 - 1ª QUINZ. DE FEVEREIRO/2011
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EDITORIAL
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PUBLICAÇÕES LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA
Lançada a revista Marxismo Revolucionário nº 13

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