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O que é uma verdadeira revolucao eo que de fato ocorre no mondo árabe
Por Liga Bolchevique Internacionalista - Sunday, Feb. 27, 2011 at 3:52 PM
lbiqi@hotmail.com

Os serviços que os arrivistas prestam ao imperialismo com suas infames tentativas de aviltar o marxismo e entorpecer a consciência de classe do proletariado e, por outro lado, a encarniçada luta ideológica que travamos contra essas correntes revisionistas são apenas o prelúdio dos grandes combates revolucionários que a vanguarda do proletariado em breve terá que travar para assegurar o futuro socialista da humanidade

MAGREB E ORIENTE MÉDIO

O QUE É UMA VERDADEIRA REVOLUÇÃO E O QUE DE FATO OCORRE NO MUNDO ÁRABE

O norte da África e o Oriente Médio têm sido agitados por uma onda de massivos protestos espontâneos que provocaram a queda dos governos da Tunísia e do Egito, assumiram a forma organizada de uma insurreição armada na Líbia e ameaça se alastrar pelo Irã e Síria, além de outros países do mundo árabe. Imediatamente, toda a grande família da esquerda revisionista que defendeu a destruição contrarrevolucionária da URSS em 1991com os eixos de: "Abaixo a URSS", e "Ampla unidade com a OTAN contra a tirania stalinista", proclamou que está em curso uma poderosa revolução popular contra as ditaduras aliadas do imperialismo na região.

Estranhamente, a tão alardeada "revolução árabe", na verdade uma transição democrática operada pela própria aristocracia que prefere ceder os anéis... não faz qualquer referência à reivindicação histórica das massas árabes que é a destruição do enclave imperialista no Oriente Médio, o Estado sionista de Israel, mas tem sido saudada e apoiada pelos principais expoentes do imperialismo como o Secretária de Estado Hillary Clinton, para quem a transformação na Tunísia e no Egito "está apenas começando e os Estados Unidos continuarão a ser um parceiro dos povos dois países" (BBC Brasil, 22/02/11).

Mas Barack Obama mudou o tom quando a questão tratava de derrubar o regime Líbio e saiu em defesa militar desses pretensos "revolucionários", assim logo declarou: "Apoiamos firmemente os líbios em sua exigência de que sejam respeitados os direitos universais e em sua reivindicação de um governo que responda a suas aspirações" (Folha de S.Paulo, 26/02/2011).

Para dar apoio à ofensiva da tão exaltada "Revolução Árabe" contra o governo de Muammar Kadaffi, 20 navios da Otan atracaram (25/02) no porto da cidade espanhola de Cartagena, no Mar Mediterrâneo. Paralelamente, os governos imperialistas da Europa decidiram bloquear as contas estatais da Líbia (risivelmente anunciada pela mídia como as contas de Kadaffi, como se este fosse um tolo em deixar sua fortuna exposta) nos bancos europeus e exigem que a ONU imponha duras sanções contra a Líbia, além de iniciarem os tambores de guerra da OTAN.

Com posições abertamente pró-imperialistas as correntes pseudotrotskistas vão muito além do campo do revisionismo do marxismo, passando a estabelecer uma clara aliança com a reação capitalista das transnacionais do petróleo em sua ofensiva sobre os povos árabes. Nesta cruzada contrarrevolucionária, sua principal tarefa é iludir "democraticamente" e confundir os setores mais lúcidos e combativos do proletariado contra um inimigo central: "o autoritarismo", sendo esse o motivo porque prostituem o conceito de revolução social, revelando-se como verdadeiros agentes da ofensiva ideológica do imperialismo.

O QUE É AFINAL UMA REVOLUÇÃO?

Em seu Prefácio à Contribuição à Crítica da Economia Política, escrito em 1859, Marx explica da seguinte maneira o surgimento de uma época revolucionária: "Ao chegar a uma determinada fase de desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade se chocam com as relações de produção existentes, ou, o que não é senão a sua expressão jurídica, com as relações de propriedade dentro das quais se desenvolveram até ali. De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações se convertem em obstáculos a elas. E se abre assim uma época de revolução social. Ao mudar a base econômica, revolucioná-se, mais ou menos rapidamente, toda a imensa superestrutura erigida sobre ela".

Dessa forma, uma verdadeira revolução para os marxistas pressupõe abolição das relações de propriedade, ou seja, a supressão da propriedade privada, da propriedade dos capitalistas. Mas a "revolução árabe" que a esquerda revisionista serviçal do imperialismo professa não coloca, em momento algum, a tarefa de expropriação das burguesias árabes e das empresas imperialistas tão beneficiadas pelos regimes ditatoriais que estão sendo derrubados. A queda de Zein-al-Abidin Ben Ali, na Tunísia, e de Hosni Mubarak, no Egito, não gerou qualquer arranhão aos interesses dos capitalistas e do imperialismo.

Na verdade, o imperialismo ianque já vinha há algum tempo planejando tirar de cena seus antigos títeres para garantir a estabilidade política necessária à continuidade de seu domínio mais "legitimado" na região. Dessa forma, Ben Ali e Mubarak, apenas foram substituídos por novos gerentes do próprio staff do regime e no caso do Egito e Tunísia a continuidade do poder da burguesia foi assegurada pelo principal sustentáculo do Estado capitalista, ou seja, as forças armadas das quais o próprio Mubarak também já fizera parte.

Não houve qualquer mudança na base econômica, nem tampouco ruiu a superestrutura do regime político. Noutras palavras, o caráter de classe do Estado continuou o mesmo, uma máquina de opressão e dominação da burguesia nacional e do imperialismo sobre as massas trabalhadoras exploradas.

A FARSA DA "REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA”

O segundo traço característico de uma revolução é a questão do poder político ou de Estado, sobre o qual Lênin afirmou: "A questão fundamental de toda a revolução é a questão do poder de Estado. Sem esclarecer esta questão nem sequer se pode falar em participar de modo consciente na revolução, para já não falar em dirigi-la. (Sobre a dualidade e poderes, 1917).

A corja revisionista omite descaradamente essa questão essencial em qualquer processo revolucionário, criando uma farsa chamada "revolução democrática". Mas, ao fazer isso revela todo o seu desprezível oportunismo: "Sendo revoluções democráticas, aqueles que levantam a bandeira do socialismo estão absolutamente descontextualizados. Hoje não há a possibilidade de criar uma alternativa de massas sob esta bandeira. (Tunísia e Egito: uma revolução democrática Sitio do PSOL, 08/02/2011)

Antes de tudo é necessário esclarecer que uma "revolução democrática", nada mais é que uma revolução burguesa. Mas na época do capitalismo imperialista a revolução democrática clássica, ou seja, dirigida pela burguesia, já não é possível porque a burguesia em qualquer país capitalista não é mais uma classe revolucionária. Nos países de desenvolvimento capitalista atrasado, a burguesia nacional só pode exercer seu poder mantendo estreitos laços de submissão ao capital imperialista. Nesses países as tarefas democráticas das revoluções burguesas só podem ser resolvidas agora com a passagem do poder para as mãos da classe operária. Essa é uma questão que há muito já foi resolvida por Trotsky nas Teses da Revolução Permanente as quais afirmam: "Para os países de desenvolvimento burguês retardatário e, em particular, para os países coloniais e semicoloniais, a teoria da revolução permanente significa que a solução verdadeira e completa de suas tarefas democráticas e nacional- libertadoras só é concebível por meio da ditadura do proletariado, que, assume a direção da nação oprimida e, antes de tudo, de suas massas camponesas. A ditadura do proletariado, que sobe ao poder como força dirigente da revolução democrática, será colocada, inevitável e muito rapidamente, diante de tarefas que a levarão a fazer incursões profundas no direito burguês da propriedade. No curso do seu desenvolvimento, a revolução democrática se transforma diretamente em revolução socialista, tornando-se, pois, uma revolução permanente".

Esse rico legado teórico, entretanto, foi abandonado pela esquerda pseudotrotskista para justificar suas alianças oportunistas com setores burgueses, contrarrevolucionários e pró-imperialistas.

AVANÇO DA CONTRARREVOLUÇÃO NA LÍBIA DESMORALIZA A TESE DE "REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA" DA ESQUERDA REVISIONISTA

Depois da Tunísia e do Egito, a Líbia tornou-se o centro da onda de "protestos" que a esquerda revisionista resolveu caracterizar como uma "revolução democrática" que teria como principal causa os efeitos da crise econômica mundial de 2008 sobre os países da região do Magreb, no norte da África, e no Oriente Médio.

Mas, ao contrário de seus vizinhos, conforme dados divulgados pelos próprios órgãos do imperialismo, como mo Banco Mundial e o FMI, a Líbia cresceu 10,6% em 2010 e apresenta o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do continente africano, superando também em muito os índices de países do Oriente médio. A Líbia possui as maiores reservas de petróleo da África, produto responsável por mais de 95% das suas exportações. A atividade de extração do petróleo, que foi nacionalizada após a derrubada da monarquia em 1969, constitui a base de sustentação material do regime nacionalista burguês de Muammar Kadaffi há mais de quatro décadas. Ao contrário de países produtores do óleo na região, as companhias privadas estrangeiras só podem obter franquia de dez por cento da produção, além da restrição de empresas norte-americanas entrarem na Líbia. Apesar do aperto de mãos entre Obama e Kadaffi, os ianques querem bem mais do que gestos "simbólicos", pretendem remover do mapa mundi regimes que imponham objeções aos interesses econômicos de seus trustes.

Sem levantar quaisquer reivindicações econômicas e sociais para o proletariado nessa fantasiosa "revolução anti-autoritária" das massas, as correntes da esquerda revisionista, enfileiram-se, cada vez mais, atrás da política do imperialismo, reivindicando uma abstrata plataforma "democrática" bem aquém das próprias conquistas reais já obtidas pelas massas líbias e o fim do regime de Kadaffi pelas mãos de apoiadores da monarquia.

Contando com o apoio da Casa Branca e do Conselho de Segurança da ONU, o objetivo dessa revolta reacionária é instalar um novo regime não para redistribuir a renda entre a população pobre, mas sim para abolir os remanescentes das conquistas socais da revolução nacionalista de 1969 e dividir o que resta da economia estatal da exploração do petróleo sob controle do governo, entre as grandes empresas imperialistas e uma "nova" casta dirigente do Estado, que já começa a se formar com as adesões de altos funcionários e de membros da alta cúpula das forças armadas aos protestos.

Além dos representantes da antiga monarquia, tem participação ativa no movimento os setores burgueses enriquecidos pelo próprio desenvolvimento capitalista patrocinado pelas seguidas capitulações de Kadaffi, oficiais desertores das forças armadas e altos funcionários do atual regime dispostos a servir ao imperialismo num futuro governo líbio. É a essa ampla frente reacionária que o PSTU e LIT se somam reivindicando "a mais ampla unidade de ação com todos os setores, inclusive os burgueses descolados do regime, para acabar com esta ditadura genocida entrincheirada" (Líbia a sangue e fogo, sítio do PSTU, 26/02/11).

Que setores mais atrasados das massas árabes sigam hoje conduzidas pelas ilusões "democráticas" do imperialismo e seus aliados, é perfeitamente justificável pela ausência de uma autêntica direção revolucionária que assegure a completa independência política e ideológica do proletariado. Também setores do proletariado alemão e italiano seguiram massivamente o nazifascismo. O que não se pode conceber é uma organização de vanguarda marxista praticar o seguidismo, mesmo quando este deságua nos interesses imediatos do imperialismo. Como leninistas não disseminamos nenhuma expectativa entre o proletariado na capacidade de reação de Kadaffi, sabemos muito bem de sua trajetória de alinhamento com o imperialismo, o que resultou no abraço de urso que agora recebe. Mas o que está em jogo na Líbia não é somente a sobrevivência ou não de um decadente dirigente nacionalista burguês, trata-se da própria capacidade das massas árabes de impor uma derrota a OTAN, lutando pela manutenção e ampliação de suas conquistas, hoje alvo do imperialismo ianque.

Os serviços que os arrivistas prestam ao imperialismo com suas infames tentativas de aviltar o marxismo e entorpecer a consciência de classe do proletariado e, por outro lado, a encarniçada luta ideológica que travamos contra essas correntes revisionistas são apenas o prelúdio dos grandes combates revolucionários que a vanguarda do proletariado em breve terá que travar para assegurar o futuro socialista da humanidade.

LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA

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