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Chávez poe as “Barbas de molho”diante da ofensiva imperialista mundial
Por Liga Bolchevique Internacionalista - Thursday, Mar. 10, 2011 at 12:28 AM
lbiqi@hotmail.com

A ofensiva contra Kadaffi como foi denunciada pela LBI em voz solitária desde o início da crise líbia não é nenhuma “ação do movimento de massas”, são mobilizações armadas sob a direção de mercenários, monarquistas e arrivistas a soldo da Casa Branca, contratados para vender o país às transnacionais ianques

“SOCIALISMO DO SÉCULO XXI” APÓIA GOVERNO DE KADAFFI

CHÁVEZ PÕE AS “BARBAS DE MOLHO” DIANTE DA OFENSIVA IMPERIALISTA MUNDIAL

Desde que começou a crise na Líbia, o presidente venezuelano Hugo Chávez vem declarando sua amizade a Kadaffi. A solidariedade do caudilho bolivariano ao seu parceiro líbio, mais além de um ato de apoio ao regime nacionalista burguês daquele país é, antes de qualquer coisa, uma medida preventiva de autodefesa. Chávez está literalmente “com as barbas de molho” porque tem consciência de que a ofensiva imperialista em curso no Magreb e no Oriente Médio, sob o pretexto de apoio às “manifestações por democracia contra as ditaduras” tem como alvo na América Latina seu governo e o autodenominado “Socialismo do Século XXI”, classificado pela Casa Branca como uma “ditadura totalitária estatizante”. Não por coincidência, a ONG imperialista Human Rights Watch acaba de divulgar um novo relatório condenando o governo da Venezuela por delitos contra direitos humanos, vale relembrar que foi a própria HRW que iniciou os protestos na Líbia com denuncias contra o regime de Kafaffi.

A gestão estatal venezuelana é diretamente inspirada no modelo implementado pelo então coronel líbio, a partir do movimento nacionalista vitorioso em 1969 contra a monarquia do rei Idris. Uma derrota de Kadaffi pelas mãos do imperialismo (sob o disfarce de um movimento de massas pró-democracia) debilitaria ainda mais o já fatigado governo chavista, que acaba de completar 12 anos extremamente fragilizado e temeroso de uma nova investida da oposição golpista em sua sanha reacionária para derrubá-lo.

Não por acaso, o bloco de países que compõe a ALBA apoiou a proposta de Chávez, de permitir “um plano de paz” a fim de evitar a intervenção militar na Líbia através da constituição de uma comissão de “notáveis” como Jimmy Carter e Lula. O apelo de Chávez para um acordo entre o regime de Kadaffi e o imperialismo está baseado na experiência que o próprio presidente venezuelano estabeleceu na Venezuela, onde governo não se enfrenta diretamente com o imperialismo ianque, mantém o fornecimento de petróleo aos EUA, indeniza todas as empresas “nacionalizadas” e sempre busca uma solução negociada com a União Européia, apesar da retórica “anti-imperialista” a que recorre pontualmente em dias de festa.

Chávez sabe que a direita golpista está ávida para desferir um golpe letal contra seu governo. Esta manobra pode assumir a feição de uma falsa “mobilização democrática” tramada com a ajuda da CIA. O apoio do imperialismo aos “insurretos” monárquicos na Líbia “vendidos” ao mundo como “amantes da democracia” é o modus operandi que a Casa Branca pretende usar na Venezuela para colocar em marcha a contrarrevolução. Por esta razão, o caudilho venezuelano saiu desesperadamente em apoio a Kadaffi.

Apoiar os supostos “rebeldes líbios” como faz a esquerda revisionista seria o mesmo que se somar às orquestrações dos golpistas venezuelanos que também se dizem “inimigos da ditadura”, já que tanto na Líbia como na Venezuela essas forças políticas e sociais representam a contrarrevolução, assumindo o objetivo de liquidar conquistas históricas do proletariado. Por essa razão, não há espaço para disputar este suposto “movimento de massas” com as direções burguesas made in CIA, como pateticamente defendem setores da “esquerda”, em nome de “superá-las no calor da luta”.

A ofensiva contra Kadaffi como foi denunciada pela LBI em voz solitária desde o início da crise líbia não é nenhuma “ação do movimento de massas”, são mobilizações armadas sob a direção de mercenários, monarquistas e arrivistas a soldo da Casa Branca, contratados para vender o país às transnacionais ianques, assim como eram os golpistas em abril de 2002 na Venezuela, chamados de “esquálidos”, apesar da mídia imperialista vender que estes agiam como porta-vozes de um amplo “movimento popular”, da mesma forma como fazem agora.

Exemplar para colocar a nu essa política contrarrevolucionária de apêndice do imperialismo na Líbia é a posição da corrente dirigida por Allan Woods (CMI), que acaba lançar um artigo com o sintomático título: “Venezuela e Líbia: não é um 11 de abril, mas um 27 de fevereiro” onde afirma: “Devemos ser claros: o que estamos vendo na Líbia e no resto do mundo árabe não é um 11 de abril de 2002, quando um golpe de Estado reacionário foi justificado mediante a manipulação dos meios de comunicação, mas um 27 de fevereiro de 1989, um levante como o Caracaço, em que os governos usam o Exército contra manifestantes desarmados. Ao mesmo tempo que nos opomos a intervenção imperialista, devemos ter claro de que lado estamos: do lado do povo líbio contra o regime de Gadafi” (El Militante- Argentina, 04/03). Woods e boa parte do arco revisionista que saúda febrilmente a tal “revolução árabe” é também partidária da farsesca “revolução venezuelana” comandada por Chavéz, o “Kadaffi do Século XXI”. Seria cômico se não fosse trágico ver essas mesmas correntes pseudotrotskistas que saúdam as “mobilizações contra a ditadura na Líbia”, na verdade ações contrarrevolucionárias apoiadas e financiadas pela CIA que nada têm a ver com “levantes populares” serem acossadas e desmoralizadas por manifestações supostamente “democráticas” patrocinadas pela direita golpista na Venezuela, inspiradas nos ventos de “mudança” trazidos do Oriente. Para serem coerentes, esses chavistas deveriam se unir aos “esquálidos” reacionários da direita golpista na Venezuela, assim como estão unidos aos “esquálidos” monarquistas do rei Idris na Líbia, para “derrotar as ditaduras de Chávez e Kadaffi”, pois assim a mídia imperialista define os regimes nacionalistas burgueses nestes dois países.

A CMI tem um argumento “especial” para condenar Kadaffi e apoiar Chávez. Em seu artigo afirma que “Na Venezuela o que havia era um movimento reacionário contra um governo eleito democraticamente que tentava por em prática reformas progressistas e se levantava contra o imperialismo. Na Líbia temos um levante popular contra um regime opressivo que havia feito todo tipo de acordo com o imperialismo” (Idem). Essa pérola revela que estes “pilantroskos” se guiam por conceitos burgueses completamente opostos ao marxismo. Para esses senhores, Chávez deve ser defendido porque comanda um “governo democraticamente eleito”, enquanto Kadaffi é condenado como “ditador” porque controla um “regime opressivo” que não foi parido das urnas.Woods e seu séquito relevam sua completa reverência à democracia burguesia, o que os torna defensores incondicionais dos regimes “democráticos” contra os “totalitários”, postando-se sempre ao lado dos primeiros e rechaçando os segundos, independente das forças sociais e das tendências da luta de classes que representam, como fizeram na URSS saudando a restauração capitalista liberal burguesa contra a “ditadura stalinista”, que se mantinha de forma parasitária sobre o Estado operário burocratizado baseado em uma economia socializada erguida sobre a expropriação da burguesia. Esse é o mesmo paradoxo que faz a LIT ao defender a necessidade de uma suposta “revolução democrática”, ainda que financiada pelos gusanos, contra a “ditadura de Fidel”.

Esses canalhas comprados pelos petrodólares de Chávez escondem que este foi eleito “democraticamente”, ou seja, respeitando as regras burguesas e por isso não adotou nenhuma medida socialista real de enfrentamento com o capital e vive chantageado pelo imperialismo por respeitar o sistema legal vigente. Chávez, o dirigente da fantasiosa “revolução bolivariana”, sempre rebate o argumento de que não é “totalitário” porque respeita os resultados eleitorais e a Constituição, ou seja, não ousa romper com a ordem política e jurídica do regime capitalista. Já Kadaffi dirigiu um levante nacionalista em 69 que derrubou a monarquia, reformulou as instituições, proclamou uma nova constituição com conquistas para as massas e se enfrentou militarmente com o imperialismo ianque. Mesmo atualmente com todas as concessões feitas por Kadaffi, seu regime continua a não exportar petróleo para os EUA, tanto que o país continua a ser objeto de bloqueio ianque, realidade que nunca existiu na Venezuela, grande exportadora de petróleo para os EUA. Não é demais lembrar que em ambos países mantêm-se intocável o modo de produção capitalista, mas o regime “nacionalista” de Chávez, apesar de copiar Kadaffi, o fez de forma muito mais limitada e submissa, se é para verdadeiramente comparar o grau das concessões dos malfadados “Socialismo do Século XX” de Chávez com o “Socialismo árabe” de Kafaffi.

“REVOLUÇÃO DE MASSAS” MADE IN CIA

Nos últimos dias os “insurretos” pró-imperialistas vêm clamando para que OTAN e ONU imponham uma “zona de exclusão aérea”. O “pedido” foi feito pela Frente Nacional pela Salvação da Líbia (FNSL), uma organização fundada em 1981 e financiada pela CIA com escritórios inclusive em Washington que deseja o incremento do apoio militar ianque para barrar a suposta contra-ofensiva desferida pelo regime comandado por Kadaffi na última semana. A FNSL integra a chamada Conferência Nacional da Oposição, uma coalizão reacionária dos remanescentes da monarquia dirigida por Muhamad as-Senussi, que declara ter juramento de lealdade ao rei Idris el-Senussi, tanto que a bandeira utilizada pela coalizão é a do antigo Reino da Líbia.

O presidente ianque Barack Obama e o seu servo, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, concordaram em “seguir adiante com o planejamento, incluindo a OTAN, para todo o espectro de respostas possíveis, incluindo a vigilância, assistência humanitária, a imposição de um embargo de armas, e uma zona de exclusão aérea”, segundo comunicado da Casa Branca. A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, deixou claro que Washington deseja que a ONU aprove o mais rápido possível a medida: “Queremos ver a comunidade internacional apoiar (a zona de exclusão aérea)” disse ela à TV Sky News e arrematou “Pensamos que é importante que seja a ONU a tomar esta decisão de criar uma eventual zona de exclusão aérea”.

Enquanto negocia os termos dessa “autorização” da ONU com seus demais sócios, a Casa Branca pediu à Arábia Saudita que fornecesse armas aos rebeldes em Benghazi. O clã saudita é um aliado fundamental dos EUA estrategicamente colocado e capaz de fornecer armas às guerrilhas da Líbia. Por seu turno, aviões de vigilância AWACS dos EUA têm voado em território da Líbia, monitorando seu espaço aéreo e usando como base a legislação da ONU que permite ações desse tipo como parte do “combate ao terrorismo internacional”, já que Kadaffi foi incluído novamente parte do “eixo do mal”.

A proposta de adotar uma área de exclusão aérea na Líbia – por meio da qual o espaço aéreo passa a ser controlado por forças estrangeiras – ganha força a cada dia, mas só pode ser executada com um alto grau de consenso com a União Europeia. Para Obama e Cameron é fundamental incluir a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) nas ações. Essas medidas segundo os próprios incluem o acompanhamento da situação interna, a suposta ajuda humanitária, a aplicação do embargo de armas, uma zona de exclusão aérea, o bloqueio de todas as comunicações do líder Muamar Kadaffi dentro da Líbia e o estabelecimento de corredores militares para a Líbia a partir do Egito e da Tunísia usando cinicamente o pretexto de “ajudar os refugiados”. Isto significa posicionar tropas dos EUA e da OTAN no Egito e na Tunísia perto dos dois campos petrolíferos mais ricos da Líbia, no leste e no oeste. Significa que o Pentágono coordene manobras com os militares egípcios e tunisianos, que controlam os governos destes países.

NÃO À “ZONA DE EXCLUSÃO AÉREA” IMPOSTA PELA OTAN-ONU! DEFESA MILITAR INCONDICIONAL DA LÍBIA!

Os meios de propaganda do império transformaram rapidamente as manifestações anti-Kadaffi organizada pela aristocracia de tribos alentadas pela CIA ao longo de décadas em uma “insurreição de massas” contra um “déspota sanguinário”, assim como fizeram antes e durante o 11 de abril na Venezuela, preparando e apoiando o golpe militar. Essa cantilena, porém, a cada dia que passa vai ficando mais insustentável na Líbia. Na verdade esses “insurretos” estão ligados a FNSL e outros grupos pró-monárquicos como o “Comitê da Liberdade e Justiça” presidido por Fathi Al Warfali, organização que ganhou notoriedade internacional ao apoiar a invasão do Iraque pelos EUA. Agora essa coalizão de “insurretos” está clamando por uma invasão da OTAN na Líbia e pelo desmembramento da rica região de Benghazi, sede das multinacionais petrolíferas na Líbia. Evidentemente, essas forças financiadas pela CIA e os antigos monarquistas estão a favor da intervenção imperialista e não o contrário como fantasiosamente vende esta mesma “esquerda” desmoralizada pela sua própria política corrupta. A ala militar desta coligação, utilizando armas contrabandeadas, capturou rapidamente postos policiais e militares na cidade portuária mediterrânea de Benghazi e áreas próximas ao norte dos campos petrolíferos mais ricos da Líbia, onde se encontram a maioria de seus gasodutos e oleodutos, as refinarias e seu porto de gás natural liquefeito. Mohamed Ali Abdallah, secretário-geral adjunto da FNSL, enviou um chamado neste sentido “Estamos enviando um SOS à comunidade internacional para que intervenha” (New York Times, 28/02). Estupidamente, a grande parte do arco revisionista quer fazer crer que a intervenção militar da OTAN é para “ajudar Kadaffi a conter a revolução”.

Os leninistas reafirmam a incapacidade da burguesia nacional em travar uma luta consequente contra o imperialismo e a reação doméstica pró-imperialista na Líbia e na própria Venezuela. Por esta razão, não criamos a menor ilusão em Kadaffi e seu covarde sfaff político-militar, como não fizemos com Chávez quando do golpe militar de 2002, apesar de lutar pela derrota da ação tramada por setores da FFAA e o imperialismo na Venezuela, inclusive em frente única de ação com os apoiadores do bolivarianismo, ainda que com total independência política frente a este movimento burguês.

LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA

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