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Acordo Hamas-Fatah, patrocinado por Obama, pavimentou o assassinato de Bin Laden
Por Liga Bolchevique Internacionalista - Wednesday, May. 11, 2011 at 2:04 PM
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A heroica vanguarda palestina deve tirar as lições dessa vergonhosa conduta do Hamas. A superação de suas direções teocráticas e burguesas atuais passa pela adoção de um programa em defesa da destruição do Estado de Israel e da construção de uma Palestina soviética e laica, em todo o território histórico, baseada em conselhos de operários árabes, palestinos e hebreus

A SUPOSTA “REVOLUÇÃO ÁRABE” CONTRA A INTIFADA PALESTINA

ACORDO HAMAS-FATAH, PATROCINADO POR OBAMA, PAVIMENTOU O ASSASSINATO DE BIN LADEN

Com a intermediação do “novo” governo do Egito, Hamas e Al Fatah que, desde 2007, estavam rompidos e inclusive haviam se enfrentado militarmente, controlando, cada um, parte do território palestino, assinaram no último dia 27 de abril um “acordo de reconciliação”. Al Fatah, que controla a Autoridade Nacional Palestina (ANP) na Cisjordânia, aliada de Israel e agente direto da Casa Branca e o Hamas, à frente da Faixa de Gaza, estabeleceram um pacto que prevê a formação de um governo unificado com a participação das duas organizações palestinas. O acordo visa uma unificação dos aparatos em nome do reconhecimento do chamado Estado palestino pela ONU e o imperialismo, na verdade um bantustão cercado e vigiado por Israel. Esta verdadeira traição à causa palestina é produto direto da fantasiosa “revolução árabe”, já que o imperialismo em ofensiva consegue por esta via a completa cooptação do Hamas, até então acusado de terrorista pela Casa Branca, neutralizando assim qualquer ameaça ao enclave sionista. O acordo Hamas-Fatah, patrocinado oficiosamente por Obama, deu condições políticas e militares para o Pentágono levar a frente poucos dias depois a operação militar que assassinou Bin Laden, já que a cooptação do Hamas sinalizou que a via da resistência armada aos planos do imperialismo na Palestina está descartada. Não por acaso, uma passeata em repúdio à morte de Bin Laden foi reprimida na Faixa de Gaza pelo próprio Hamas.

O pretendido governo Hamas-Fatah é produto da chantagem da Casa Branca e da União Europeia sobre o povo palestino. Representa uma fraude contra a vontade da própria população palestina que elegeu uma maioria parlamentar do Hamas nas eleições legislativas de 2006 como expressão de seu repúdio às traições de Abbas e do Fatah. As urnas, em um processo patrocinado pelo imperialismo, deram ao Hamas o direito não só de indicar o primeiro ministro, mas de comandar o “governo” do ANP. Porém, devido ao programa teocrático e burguês do Hamas, sua direção capitulou às exigências do imperialismo que bloquearam o repasse de verbas para a ANP, enquanto o grupo não reconhecesse a existência de Israel e renegasse a luta pela destruição do enclave sionista. Ainda que o Hamas não tenha formalmente reconhecido a existência de Israel, a conformação do governo de “união nacional” com o Fatah, controlado de fato por Abbas, marionete de Obama, representa a aceitação tácita das condições impostas pelo imperialismo em um momento onde a Casa Branca troca seus agentes desgastados na região via a chamada “Primavera Árabe”, como no Egito, para legitimar seu domínio no Oriente Médio.

Neste sentido, o chanceler francês, Alain Juppé, um dos maiores responsáveis pela agressão imperialista a Líbia, manifestou seu apoio ao acordo palestino assinado na semana passada por Fatah e Hamas: “Este acordo não é uma ameaça da qual é preciso se proteger, é uma oportunidade que é preciso aproveitar e é o que vou dizer na viagem que devo fazer à região nos próximos dias” (Terra notícias, 10/05), declarou o chefe da diplomacia francesa na Assembleia Nacional. Para Juppé, o acordo firmado no Cairo “pode contribuir com a reconciliação palestina e o avanço do processo de paz” (Idem). Ele avaliou que, no entanto, “ainda é preciso esclarecer todos os elementos” (Ibdem) do pacto entre os dois grupos palestinos. Neste sentido, o genocida francês pediu ao Hamas que renuncie ao que chamou de terrorismo, respeite os acordos internacionais e reconheça o Estado de Israel. Juppé reiterou a vontade da França de convocar para o final de junho uma cúpula de doadores para a Palestina, que também terá conteúdo político e que deve preparar o terreno para que o “diálogo” com Israel seja retomado antes da realização da Assembleia Geral da ONU, em setembro. Nessa reunião, podem ser iniciados os preparativos para a criação do Estado palestino, com a condição de que haja acordo político, ou melhor, a rendição do Hamas. O ministro francês destacou a importância de formular as condições para que haja diálogo entre as partes, porque “o ‘status quo’ não é sustentável” e, segundo ele “o contexto regional foi modificado após a mudança de regime no Egito e as revoltas na Síria” (AFP, 10/5).

Representantes de 13 grupos assinaram o texto, incluindo os movimentos Jihad Islâmica, Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), Frente Democrática de Libertação da Palestina (FDLP) e Partido do Povo Palestino. O acordo prevê a formação de um governo de supostos nomes independentes para preparar eleições presidenciais e legislativas simultâneas em um prazo de um ano. Até a votação se manteria a situação atual, tanto sobre as negociações com Israel como sobre o controle respectivo do Hamas sobre Gaza e da Autoridade Palestina nas zonas autônomas da Cisjordânia. “Anunciamos aos palestinos que viramos para sempre a página negra da divisão” (AFP, 05/05), disse o corrupto presidente da ANP, Mahmoud Abbas, na cerimônia de assinatura do acordo entre as duas principais facções palestinas no Cairo. “Decidimos pagar qualquer preço para concretizar a reconciliação” (Idem), disse Khaled Meshaal, líder do Hamas. “A nossa verdadeira luta é com o ocupante israelita, não com facções palestinas e filhos de uma só nação” (Ibdem). Meshaal defendeu ainda um Estado Palestino na Cisjordânia e em Gaza.“O Estado Palestino tem de nascer este ano”, disse Abbas. Uma reunião entre o líder do Hamas no exílio em Damasco, Khaled Mechaal, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, selou o acordo. Além disso, Abbas e Meshaal participaram em uma cerimônia oficial, ao lado do secretário-geral da Liga Árabe, Amr Mussa, do ministro egípcio das Relações Exteriores, Nabil al-Arabi, e do chefe da inteligência egípcia, general Murad Muafi.

Apesar das declarações públicas de oposição do premier nazi-sionista Benjamin Netanyahu, o acordo foi patrocinado pelo “novo” governo egípcio, claro aliado de Obama, que apóia o reconhecimento do bantustão palestino. Agora, vai ser proposto com mais força na próxima assembleia geral da ONU, em setembro, tendo como “cláusula de reciprocidade” o reconhecimento do enclave nazi-sionista de Israel pelo Hamas. No mesmo sentido, o acordo foi saudado dentro do próprio enclave. O Partido Comunista de Israel aplaudiu o pacto contrarrevolucionário declarando que este serve aos interesses dos povos de Israel e da Palestina “que tentam alcançar uma paz justa e estável, baseada no fim da ocupação, evacuação dos assentamentos e uma solução ao problema dos refugiados de acordo com as resoluções da ONU” (Declaração PCI, 07/05), apoiando a política dos “dois estados” que mantém a Faixa de Gaza e a Cisjordânia como verdadeiros bantustões.

A ofensiva ianque como parte da fantasiosa “revolução árabe”, que em nenhum país teve como eixo a destruição do enclave sionista, está voltada a forçar a celebração de um governo de unidade nacional que enfraqueça o Hamas e se submeta às três condições exigidas pelos EUA, a União Europeia e Israel: o reconhecimento de Israel, a aceitação dos acordos assinados até agora pela ANP e o fim dos ataques ao enclave sionista. Essa capitulação vergonhosa vem sendo articulada pelo presidente fantoche palestino, Mahmoud Abbas. Essa chantagem contra o povo palestino está baseada em um acordo humilhante que inclui a formação de um novo gabinete aprovado por Abbas, ou seja, por Israel e os EUA.

As “razões” apresentadas pelo Hamas para aceitar o acordo demonstram que sua organização política se rendeu à realidade de que a ANP é uma completa marionete nas mãos do imperialismo e refém do financiamento capitalista. Longe de fazer um chamado à solidariedade política e material aos governos que se dizem defensores da causa palestina e as massas do planeta, reivindicando inclusive armas, soldados e voluntários para retomar a Intifada, exigindo por meio de uma ofensiva militar e política sobre Israel a devolução dos impostos palestinos roubados pelo sionismo, o Hamas se disciplina sobre as regras e os limites ditados pelos inimigos do povo palestino, dando vazão a um processo de cooptação equivalente ao que a própria OLP foi protagonista, sob o comando de Arafat, quando reconheceu a existência de Israel e aceitou os acordos de paz. Essa realidade se faz ainda mais clara na medida em que o regime sírio, que apóia o Hamas, está sendo acuado pelo imperialismo via as “mobilizações” made in CIA que a Casa Branca vem orquestrando no país. Expressivo neste sentido foram as declarações de Shimon Peres que afirmou acreditar em negociações de paz com Hamas: “O nome não me interessa. O que importa é o conteúdo. Tudo pode acontecer porque o Hamas também tem problemas e não é assim tão forte... Quando iniciei as negociações com Arafat, diziam-me que não ia levar a nada. Estavam errados! Hoje penso a mesma coisa sobre o Hamas” (Sapo, 10/05), em referência às negociações secretas com a Organização de Libertação da Palestina (OLP) que precederam os acordos de Oslo de 1993.

Por esta razão, um série de rupturas vem ocorrendo no Hamas nos últimos anos. Os salafistas da Faixa de Gaza, uma série de pequenos grupos palestinos, vem desafiando a autoridade do Hamas, a quem acusam de fraqueza perante Israel e na implantação da lei islâmica. “Muitos salafistas jihadistas em Gaza são ex-membros do Hamas que abandonaram o movimento para protestar contra sua participação nas eleições, a não aplicação da lei islâmica e sua aprovação das diversas tréguas com Israel”. Em entrevista à AFP, Abu Al Bara Al Masri, que se apresenta como um de seus líderes, disse que estes grupos “jihadistas salafistas” possuem centenas de membros e são cinco, atualmente na Faixa de Gaza: Jund Ansar Allah, Jaish Al Islam, Tawhid Wal Jihad, Jaish Al Uma e Ansar Al Suna. Estes grupos foram reprimidos pelo Hamas quando fizeram uma passeata na Faixa de Gaza em repúdio ao pretenso assassinato de Bin Laden, revelando que a estratégia de conciliação do Hamas com o imperialismo foi o que pavimentou o caminho para o ataque fatal ao dirigente da Al Qaeda.

A base programática do pacto está inspirada no Acordo de Reconciliação Nacional, que inclui o documento dos prisioneiros e, também, na Declaração de Independência, elaborada em Argel no ano de 1988. Neste último, a OLP reconheceu a resolução de partilha de 1947 da ONU, que deu legitimidade à existência de um estado sionista no território do mandato britânico na Palestina. Por sua vez, segundo a agência de notícias independente “Maan”, Mashaal e Abbas teriam fechado o acordo com base em uma nova iniciativa árabe articulada pelo Egito. O documento conteria, entre seis pontos, a proposta de criação de um governo “técnico” que deverá reconhecer os acordos adotados pela OLP.

Todo esse ciclo de negociações com o imperialismo e o sionismo para liquidar a resistência palestina, deve ser retomado agora, tendo um governo de unidade nacional Fatah-Hamas como parceiro. A base da participação da direção do Hamas nessa armadilha é a ausência de um programa revolucionário e comunista que se apóie nas massas palestinas e do mundo árabe para destruir o enclave sionista. Seu programa teocrático, sua estratégia burguesa, suas relações de classe com os capitalistas da região e com o próprio imperialismo europeu, não só impedem que o Hamas seja consequente na luta pela conquista da verdadeira pátria palestina, retomando os territórios roubados por Israel em 1948 a partir de uma nova Intifada, como o tornou uma nova marionete nas mãos dos algozes do povo palestino. Por essa razão o Hamas já havia anunciado anteriormente que o retorno de Israel às fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias (1967) e a criação de um Estado provisório na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e em Jerusalém Oriental com o regresso dos refugiados e a liberdade dos presos políticos era a base para uma trégua duradoura. Mas nem sequer esse programa vergonhoso, baseado na política dos “dois estados”, a direção teocrática do Hamas foi capaz de defender consequentemente.

A heroica vanguarda palestina deve tirar as lições dessa vergonhosa conduta do Hamas. A superação de suas direções teocráticas e burguesas atuais passa pela adoção de um programa em defesa da destruição do Estado de Israel e da construção de uma Palestina soviética e laica, em todo o território histórico, baseada em conselhos de operários árabes, palestinos e hebreus.

LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA

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