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Entrevista con Candido Alvarez, secretário geral da LBI
Por Liga Bolchevique Internacionalista - Saturday, Jul. 02, 2011 at 1:22 PM
lbiqi@hotmail.com

O jornal Luta Operária entrevistou o camarada Candido Alvarez, Secretário Geral da LBI, que acabou de completar trinta anos de militância ininterrupta trotskista, no curso de seus 48 anos de vida. Fazendo um balanço histórico e político de sua própria trajetória, Candido expõe também o que representa os 16 anos de fundação da LBI como bastião de defesa trotskismo revolucionário e os desafios da construção do partido leninista em nosso país, como parte da luta programática pela reconstrução da IV Internacional.

Entrevista con Candi...
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ENTREVISTA COM CANDIDO ALVAREZ SECRETÁRIO GERAL DA LBI

30 ANOS DE MILITÂNCIA ININTERRUPTA TROTSKISTA, 16 ANOS DA FUNDAÇÃO DA LBI: DOIS MARCOS QUE SE FUNDEM EM UMA SÓ HISTÓRIA DE COMBATE POLÍTICO E IDEOLÓGICO PELA CONSTRUÇÃO DO PARTIDO REVOLUCIONÁRIO LENINISTA

O jornal Luta Operária entrevistou o camarada Candido Alvarez, Secretário Geral da LBI, que acabou de completar trinta anos de militância ininterrupta trotskista, no curso de seus 48 anos de vida. Fazendo um balanço histórico e político de sua própria trajetória, Candido expõe também o que representa os 16 anos de fundação da LBI como bastião de defesa trotskismo revolucionário e os desafios da construção do partido leninista em nosso país, como parte da luta programática pela reconstrução da IV Internacional.

LUTA OPERÁRIA (LO): Sua militância trotskista iniciou-se no começo de 1981. Como foi o processo de opção por uma corrente de esquerda em meio à efervescência política daquele período?

CANDIDO ALVAREZ (CA): Quando completei dezoito anos ao entrar no curso de Ciências Sociais da UFC, em março de 1981, me deparei com uma realidade política distinta, na qual vivia como um jovem simpático ao PCB e apoiador do então MDB. Neste caso específico compreendi que não existia um caminho único para combater o regime militar, até então apontado pelo “Partidão” no interior do MDB. Portanto, tinha diante de mim, com pouquíssima experiência política, mais de dez organizações “marxistas” que postulavam cada uma sua própria via programática para derrotar a ditadura militar. A principio discuti mais profundamente com o MR-8, PCdoB e a OSI (jornal O Trabalho), que me pareceram bem mais “radicais” do que o velho partidão. Tendo a oportunidade de ler alguns clássicos do marxismo-leninismo, optei ideologicamente pelo trotskismo, que no caso concreto era representado pela OSI, na certeza de que era necessário não só derrotar o regime militar mas sim a própria ditadura da burguesia sobre o proletariado.

LO: Durante sua militância na Convergência Socialista você levou uma luta política interna contra os desvios sindicalistas do morenismo e em oposição à liquidação da corrente no chamado Alicerce da Juventude Socialista. Como foi esse combate e quais as bases políticas e teóricas mais gerais que levaram você a sair da CS e ingressar em Causa Operária em 1986?

CA: Então, ao ingressar na OSI, em meados de 1981, estava em pleno curso o processo de fusão entre Lambert e Moreno, existia uma corrente estudantil já unificada entre as duas organizações chamada de “Mobilização Estudantil”. Após a ruptura das relações entre a CS e a OSI em 1981 causada pela cooptação do lambertismo pelo governo social democrata de Mitterrand na França, segui como militante da CS, que logo depois se dissolveria em uma juventude chamada “Alicerce”. Já nesta “manobra” morenista de 82 me posicionei em oposição à maioria do CC. Depois, em 1984 começou um outro processo ainda mais profundo de diluição da CS, desta vez no sindicalismo oportunista da CUT, levando-me a romper definitivamente com o morenismo em 1986, quando ingressei na então OQI, hoje PCO. Neste embate contra os desvios tradeunionistas da CS abstraí lições importantes para minha militância leninista-trotskista que acabaram por desembocar em uma espécie de frente revolucionária do nosso grupo político com a corrente liderada por Jorge Altamira na Argentina. Nesta época chamou minha atenção a defesa que o PO fez da ocupação do Exército Vermelho no Afeganistão , contrastando com o conjunto do revisionismo latino-americano.

LO: Em maio de 1995, você dirigiu a ruptura de jovens quadros que militavam em Causa Operária e fundou a LBI. Qual o balanço desse processo que envolveu polêmicas como concepção de partido, combate a frente popular e o fim dos Estados operários do Leste Europeu?

CA: Está fazendo exatos 16 anos de nossa ruptura com a OQI e mais amplamente com a corrente internacional de Jorge Altamira, hoje convertida numa espécie de segunda linha do exitismo morenista. A fundação da LBI em junho de 1995 esteve fincada na férrea adesão ao defensismo revolucionário, concepção desenvolvida por Trotsky no final de sua vida em função da ameaça contrarrevolucionária que atravessava a União Soviética às vésperas da deflagração da Segunda Guerra Mundial. No bojo deste abandono das concepções revisionistas que permeavam nosso agrupamento, também avançamos na compreensão do fenômeno da frente popular no Brasil, especificamente da dinâmica política do PT, do qual eu mesmo fui dirigente. Neste período, o contato que fizemos com os camaradas da Liga Spartaquista (norte-americana) nos auxiliou para clarificarmos alguns pontos programáticos que até então vínhamos levantando empiricamente.

LO: Neste mês de junho a LBI completa 16 anos. A organização nasceu poucos anos após a queda do Muro de Berlim e da liquidação contrarrevolucionário da URSS. Como principal dirigente da corrente, como você caracteriza o nascimento da LBI e a importância de sua existência no combate contra o revisionismo?

CA: Pois bem, ousamos muito em 1995, ao fundar uma organização genuinamente trotskista em um país dominado politicamente pelo sindicalismo antileninista e pela enorme influência de massas da frente popular. Desgraçadamente não pudemos chegar a um acordo com a LCI em razão de suas posições abertamente pró-sionistas. Obviamente, tínhamos clareza que nossa tarefa histórica gigantesca era completamente desproporcional ao nosso acúmulo orgânico, mas resolvemos seguir em frente e fincar uma nova referência do verdadeiro marxismo-leninismo no Brasil através do combate sem tréguas dado pela LBI a todas as vertentes do reformismo. Em uma etapa de completo retrocesso ideológico da classe operária após a perda de referências concretas do socialismo “real” com a queda da URSS, nossa trajetória política só pode ser considerada plenamente vitoriosa, isto sem o menor espírito de autoproclamação estéril. Este acerto, logicamente, não pode ser medido em termos quantitativos, seria uma ingenuidade supor que uma organização comunista e principista pudesse adquirir influência de massas em uma etapa de reação ideológica pela qual atravessamos, mas sim em termos programáticos e nesta senda nossos avanços são extraordinários.

LO: Você acaba de completar trinta anos de militância. Como dirigente marxista quais principais desafios da construção do partido leninista durante este período e particularmente na condição de Secretário-Geral da LBI?

CA: Nestes meus trinta anos de militância trotskista ininterrupta atravessei vários momentos críticos, tanto na conjuntura mundial como situações muito delicadas em nosso país. Como não estamos ancorados na frondosa árvore da frente popular e seus “conselheiros de esquerda” como o PSOL e o PSTU, enfrentamos o justo ódio da escória política oportunista que visualiza na LBI uma organização principista que deve ser destruída para assim “morrer” todo o legado do marxismo ortodoxo. Mas, como os vinhos na maturidade ficam mais saborosos, também nossa própria militância fica mais “forjada” na têmpera da luta de classes e nos desafios do porvir. Agora a questão fulcral que se impõe nesta conjuntura adversa é a reafirmação da necessidade da construção de uma organização leninista, conspirativa e baseada em uma estrutura de quadros profissionais, única possibilidade para se enfrentar ideologicamente a maré sindicalista e oportunista que varre nosso continente. Esta firme determinação tem um alto custo político, implica inclusive na perda de militantes que se venderam ao nossos inimigos de classe, para serem “bem aceitos” na grande família do revisionismo, palatável ao governo neomonetarista do PT, mas como afirmou Lenin, o partido revolucionário também cresce se depurando dos elementos mais vulneráveis à corrupção material e política.

LO: Estamos em meio à agressão imperialista a Líbia. Nossa corrente tem uma posição principista em defesa da vitória na nação oprimida e da frente militar com o regime Kadaffi, ao contrário da esquerda revisionista. Na sua visão a que se deve esse brutal retrocesso ideológico do conjunto da esquerda?

CA: É curioso que passados quase vinte anos do contragolpe reacionário que liquidou as conquistas do Estado operário soviético (agosto de 1991), liderado por Ieltsin, percebemos que ficamos “sozinhos” na defesa das conquistas do proletariado líbio sob o regime nacionalista burguês instaurado em 1970 pelos coronéis. Em meio a uma guerra civil e pesados bombardeios aéreos da OTAN, a totalidade da esquerda mundial, corrompida até a medula pela democracia burguesa, cinicamente resolveu “exigir” a retirada da OTAN do cenário da guerra, enquanto apóia descaradamente os rebeldes armados e orientados pelo imperialismo ianque e europeu, na guerra civil. Esta mesma esquerda que já tinha saudado a queda da URSS como um “fato revolucionário”, agora afirma que Kadaffi é um “ditador”, como se todo governo burguês por mais democrático não fosse uma ditadura de classe, e seu regime político não conserva mais nenhum traço de “nacionalismo” ou “anti-imperialismo”. Trata-se de um fenômeno de extrema envergadura histórica, a cooptação da esquerda para os marcos do regime parlamentar da democracia burguesa, como vimos no Egito e Tunísia. Mas seguimos com a herança do velho bolchevique Trotsky que não cansava de lutar mesmo calçando seus “sapatos de criança” ao se referir alegremente a pequena dimensão organizativa da IV Internacional diante dos gigantescos aparatos contrarrevolucionários da esquerda reformista. Mas este “isolamento” não nos acovarda nem por um único momento sequer, estamos muito convictos de nosso papel histórico e resistiremos apoiados no legado do bolchevismo, hoje considerado um elemento “fossilizado” por esta esquerda que se rendeu à lógica do capital.

LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA

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