Governos de centro-Esquerda prendem militantes das FARC e do "Sendero Luminoso"
Por Liga Bolchevique Internacionalista - Thursday, Aug. 11, 2011 at 10:20 PM
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Está sendo reeditada a facínora "Operação Condor" em pleno século XXI, agora não mais sob a ação conjunta de ditaduras militares fascistas impostas na década de 70, mas sob o tacão de governos da centro-esquerda burguesa que, apesar da roupagem "democrática", seguem à risca os ditames de seus amos ianques do Norte em sua cínica "guerra ao terror"

NOVA "OPERAÇÃO CONDOR"

GOVERNOS DA CENTRO-ESQUERDA BURGUESA SERVIÇAIS DO IMPERIALISMO PRENDEM, TORTURAM E EXTRADITAM MILITANTES DAS FARC E DO "SENDERO LUMINOSO"

Poucos meses depois do governo Chávez ter entregado o jornalista Joaquín Pérez Becerra, refugiado político há doze anos na Suécia, para os cárceres do regime narco-fascista colombiano, acaba de ser confirmado que Evo Morales expulsou da Bolívia no último dia 05 de agosto quatro cidadãos peruanos, acusados pela forças de repressão bolivianas de terem ligação com o grupo maoísta "Sendero Luminoso". Williams Antonio Minaya, Hugo Walter Minaya, José Cantoral Benavides e Blanca Riveros Alarcón foram entregues à polícia peruana e serão julgados por um Tribunal Militar por "atos de terrorismo". O governo boliviano tratou de acusá-los sem qualquer prova de estarem organizando células da guerrilha no país altiplano e terem vínculos com o narcotráfico, passando por cima das próprias leis bolivianas para expulsá-los imediatamente. Todos estes casos provam que está sendo reeditada a facínora "Operação Condor" em pleno século XXI, agora não mais sob a ação conjunta de ditaduras militares fascistas impostas na década de 70, mas sob o tacão de governos da centro-esquerda burguesa que, apesar da roupagem "democrática", seguem à risca os ditames de seus amos ianques do Norte em sua cínica "guerra ao terror", uma cobertura para levar a cabo uma brutal ofensiva em todos os terrenos àqueles que se opõem à ordem capitalista ou combatem as agressões militares imperialistas pelo planeta.

Assim como Joaquín Pérez Becerra denunciava na Europa as atrocidades dos seguidos governos burgueses colombianos na perseguição às FARC antes de ser entregue por Chávez aos cárceres colombianos, os quatro refugiados políticos peruanos que viviam na Bolívia participavam de um grupo de investigação da realidade latino-americana, chegando a denunciar não só o então governo entreguista de Alan Garcia mas, inclusive, a política de submissão ao grande capital levada a cabo pelo MAS boliviano e o presidente Morales. Os expulsos já estão condenados no Peru a 15 anos de prisão e serão novamente julgados pela legislação "antiterrotista" promulgada por Fujimori na década de 90 com vista a ampliação da pena. Por esta leis, a mesma justiça que concede condições de hóspede de luxo para o genocida Fujimori é a que mantém há quase duas décadas em uma cela subterrânea, sem luz e insalubre, Abimael Gusmán e mais 11 dirigentes do "Sendero Luminoso". O mesmo aconteceu com Victor Polay, dirigente do Movimento Revolucionário Tupac Amaru, organização que tomou a embaixada japonesa em 1997. Polay foi condenado em 2006 a 32 anos de prisão pelo tribunal nacional antiterrorismo do Peru, justamente por dirigir uma ação militar que denunciava a ditadura de Fujimori e os crimes de seu governo.

Não é demais lembrar que o recém-eleito presidente peruano, Ollanta Humala é tenente-coronel da reserva cuja parte das "medalhas" foi conquistada justamente na perseguição à guerrilha camponesa impulsionada pelo PCP (Sendero Luminoso), quando com o pseudônimo de Capitão Carlos comandou uma base militar durante o governo Fujimori, em 1992. Está claro que Humala tem todas as "credenciais" para ser mais um importante e ativo elo da nova "Operação Condor" no continente. Daí a "colaboração" tão estreita entre as forças de repressão do governo Evo e Hamala neste momento, tendo como inspiração o próprio governo "bolivariano" na Venezuela que tem estreitos acordos de cooperação militar com as forças armadas colombianas e a Interpol, ou seja, age em parceria com estas verdadeiras representações da CIA na América Latina.

É necessário deixar claro que Evo "apenas" dá sequência à ofensiva contra militantes de esquerda e lutadores sociais iniciada por Chávez, entregando-os para os algozes imperialistas ou narco-fascistas. Enquanto Joaquín Pérez Becerra está em uma masmorra do regime colombiano, somente em 2011 cinco presos políticos foram assassinados em consequência de torturas nas prisões desse país e há três semanas, na famigerada prisão de "Tramacúa", os carcereiros cometeram outro massacre, com feridos que estão entre a vida e a morte. Com o caso de Joaquín já são oito dirigentes anti-imperialistas capturados pelas forças de segurança do regime chavista. Isto sem falar nos sindicalistas assassinados por grupos paramilitares na Venezuela com a cumplicidade do comandante Chávez. O operativo policial que culminou com a prisão de Joaquín contou inclusive com a colaboração do presidente equatoriano, Rafael Correa, também considerado um "companheiro bolivariano". O próprio governo Correa mantém preso há um ano e seis meses Marcelo Rivera, presidente da Federação Nacional de Estudantes Universitários do Equador (FEUE), acusado de terrorismo, tanto que foi enquadrado em uma lei do período da ditadura do Equador destinada a prender militantes populares.

Em meio a essa nova "Operação Condor" vale registrar que há quase três meses está preso na Venezuela o dirigente das FARC e cantor Julián Conrado. O governo chavista está privando Julián Conrado, que está doente, de ter até mesmo acesso a seus advogados, violando a própria constituição "bolivariana". Toda essa determinação de Chávez contra Conrado, os militantes das FARC e demais lutadores sociais não foi vista quando se tratou de prender os generais e empresários golpistas após abril de 2002, até hoje estes facínoras estão impunes e sentem-se cada vez mais dispostos a atacar com a aproximação de Chávez a Santos e ao imperialismo ianque.

Mesmo com todos esses verdadeiros crimes cometidos contra os trabalhadores e sua vanguarda pelos governos paladinos do "Socialismo do Século XXI", imorais do ângulo da classe operária, diversas organizações que se reivindicam revolucionárias e até trotskistas estão entusiasticamente apoiando a candidatura presidencial de Chávez para 2012. Isso demonstra que suas lamúrias e "denúncias" acerca desses episódios não passam de demagogia barata para melhor se defender das críticas a sua capitulação a estas direções burguesas. Como nunca alimentamos falsas expectativas na farsa da "revolução bolivariana" não estamos agora "decepcionados" com a postura covarde desses "Socialistas do Século XXI" que entregam sem vacilar para a tortura camaradas da luta anti-imperialista.

Exigimos a imediata liberdade de todos os militantes de esquerda e anti-imperialistas das FARC, do "Sendero Luminoso" e demais lutadores sociais detidos por Chávez, Evo Morales, Humala e Correa. Apesar de nossas divergências com o programa e os métodos das FARC ou da guerrilha maoísta, estamos incondicionalmente na trincheira de luta por sua liberdade e pelo fim da perseguição aos militantes que em armas se levantam contra o império e seus governos fantoches, sejam de "direita" ou "centro-esquerda". Ainda que compreendamos que a política de reivindicar um foco armado em substituição ao paciente trabalho de ganhar o proletariado e o campesinato pobre para a estratégia da revolução socialista seja uma senda de derrota para o combate das massas contra o capital e seus governos de plantão, estamos ao lado destes combatentes contra o Estado burguês e suas forças repressivas, prestando toda solidariedade de classe aos companheiros presos, pois este ataque repressivo das gestões da centro-esquerda burguesa está a serviço de recrudescer a ofensiva do imperialismo contra o conjunto do movimento operário e suas organizações políticas que lutam pela destruição revolucionária da ordem burguesa!

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