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A essência financeira da crise capitalista mundial
Por Liga Bolchevique Internacionalista - Saturday, Dec. 03, 2011 at 7:10 PM
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Leia abaixo o Editorial do Jornal Luta Operária, nº 227, Segunda Quinzena de Novembro/2011

A crise do endividamento estatal grego colocou na ponta da agulha uma questão bem maior para o conjunto da economia capitalista mundial, ou seja, o fim iminente do padrão Euro. Mas, como um pequeno país, sem o menor peso nas transações comerciais europeias pode ameaçar com o débâcle de toda a poderosa zona do Euro? E mais, como este “pobre” país pode acumular uma monstruosa dívida que leva pânico aos mercados? A resposta também deve servir para explicar o caráter da atual crise econômica norte-americana, deflagrada após o “estouro” dos títulos hipotecários “subprime”. Em resumo, fatos econômicos “irrelevantes” ou países com pouca densidade industrial ameaçam com o “desabamento” do capitalismo mundial exatamente porque existe a vigência da primazia do capital financeiro, acima das próprias relações reais de produção material da humanidade. Hoje o déficit grego é o vilão que ameaça desmanchar a imponente União Europeia criada em 1992 e sua “divina” moeda que começou a circular em 2002, mas poderia ser um pobre país africano, como Camarões, por exemplo, a ameaçar toda a estabilidade econômica do império americano. A essência do mecanismo vigente que produz as crises nacionais e internacionais está vinculado ao cassino financeiro, um jogo de apostas “irracionais” que nada tem a ver com a produção industrial de uma sociedade. No cassino financeiro global as grandes corporações são apenas atores coadjuvantes, que “emprestam” parte do seu capital para a manipulação dos verdadeiros “barões” de Wall Street realizarem megalucros ou hiperprejuízos em apenas uma fração de segundo. Basta que um pequeno país ou empresa passe a chancelar títulos financeiros, com um valor de face de apenas um dólar, para que estes papeis em pouco tempo passem a valer um bilhão de dólares, em sua cotação bursátil virtual. Trata- se, na linguagem dos “yuppies” do mercado, de “alavancamento”dos títulos. Mas o movimento inverso também ocorre, e quem era credor de um dólar passa a ser devedor de um bilhão, como a Grécia, por exemplo, e nesta situação de “realização de lucros” os “barões” vão cobrar a fatura nos “otários” agentes públicos ou privados que chancelaram os títulos e ações, o final da novela todo mundo já conhece, países e empresas “quebram” inteiramente no cair da tarde, mesmo sendo superavitárias ou tendo êxito em suas transações comerciais e industriais. Mas a fictícia dívida deve ser “honrada” a qualquer preço, dizem os “barões”, inviabilizando assim a existência de nações, governos e até mesmo grandes trustes industriais que vão à falência da noite para o dia.

Há quase um século, Vladimir Lenin, em sua magistral obra “Imperialismo fase superior do capitalismo” analisava a hegemonia do capital financeiro sobre as relações de produção, quando afirmava: “os bancos transformaram-se de modestos intermediários que eram antes, em monopolistas onipresentes, que dispõem de quase todo o capital, dinheiro do conjunto dos capitalistas, bem como da maior parte dos meios de produção e das fontes de matérias-prima de um ou de muitos países”. A evolução do capital financeiro foi tamanha que de 1916 (quando Lenin escreveu o livro) até os dias atuais, a jogatina das bolsas vem determinando os “espasmos” da crise estrutural do esgotamento das forças produtivas, sob a economia privada dos meios de produção. Agora assistimos a “destituição” dos governos eleitos, inclusive de países imperialistas, pelos “barões” do cassino global que nomeiam “tecnocratas” para a gerência direta do Estado capitalista. Tudo em nome de “honrar” os compromissos, “cláusula sagrada” seguida invariavelmente por todos os regimes políticos, incluindo neste bojo os de “esquerda”, “socialistas” e até os “nacionalistas burgueses”. A crise fiscal dos países europeus, não passa exatamente em sua essência deste mecanismo financeiro que multiplica os “pães” dos grandes rentistas e esvazia o “cesto” do orçamento estatal e, por consequência, da população mais humilde.

Diante do surpreendente fenômeno político da “ditadura do capital financeiro” eliminando todas as formalidades da democracia burguesa tradicional, muitas vozes vem se insurgindo com as receitas “antineoliberais” ou mesmo a apologia de um capitalismo regulado, com forte controle social. No caso europeu, estes reformistas e “indignados” chegam a defender como alternativa para a crise econômica a dissolução da União Europeia ou a saída individual do padrão Euro, de alguns países em situações mais delicadas, como o caso da Grécia e Portugal. Uma solução política tão “ingênua” como distracionista para a verdadeira questão de fundo que nem os “comunistas” do KKE querem abordar, ou seja, a ruptura radical com o capital financeiro e não simplesmente com a “Zona do Euro”. Não é demais lembrar que a Inglaterra atravessa sua pior crise dos últimos vinte anos, sem nunca ter ingressado na Zona do Euro e mantendo sua própria moeda nacional. O fulcro da crise capitalista vai muito além do modelo monetário adotado por um país ou mesmo uma comunidade de países, como é o caso da União Europeia. Sem abordar com radicalidade o verdadeiro cerne da questão em debate, os trabalhadores, principais vítimas da ciranda financeira vigente, ficaram à deriva dos projetos populistas e “antineoliberais” para superar o impasse de uma economia capitalista falida, mas que não deixará a cena histórica sem a construção de uma alternativa socialista e revolucionária.

A outra face da primazia do capital financeiro, desorganizando a produção social, é o incremento da indústria armamentista, único setor industrial onde os “barões” do cassino global nutrem uma particular “simpatia”. Surge então o fenômeno do crescimento das forças destrutivas da humanidade, já analisado por Marx em plena Guerra da Secessão norte-americana. A atual tendência guerreirista do imperialismo é, portanto, uma necessidade da própria dinâmica da acumulação capitalista da crise, onde o capital financeiro exige um Estado forte e belicoso para “realizar seus lucros”, até mesmo nos países mais periféricos e mais distantes da orgia bursátil. Ao investir grandes somas de capital excedente na indústria armamentista, os rentistas operam sua própria reserva de valor em um terreno concreto, bem distante dos pregões eletrônicos, e ao mesmo tempo se protegem do seu inimigo mortal: a insurgência do proletariado e dos povos oprimidos contra a miséria crescente. Em uma recente pesquisa divulgada no insuspeito periódico “New York Times”, revelou-se que por trás das grandes fábricas de armamento de ponta norte-americanas estão nada menos que os “mega”investidores Buffet e Soros. Ao mesmo tempo em que este setor “letal” da economia capitalista assume parte do contingente da força de trabalho, minimizando os próprios índices de desemprego nos EUA, seus “investidores” sentem-se mais seguros para chantagear estados a “honrarem” seus compromissos financeiros com a banca, em um único “tiro” os “barões” acertam vários alvos...

É inevitável que com a voracidade incontrolável do capital financeiro, lastreada por seus “cães de guarda” do Pentágono, a economia real dos países não atravessasse uma etapa de retração e até mesmo de profunda recessão em alguns casos. A desaceleração da poderosa economia chinesa e o impasse fiscal da Alemanha, duas “âncoras” até então da turbulência internacional, já apontam para um cenário de maiores solavancos planetários, após a relativa recuperação do crash de 2008. Os chamados países “emergentes” como os “BRIC” procuram tirar vantagem da situação de estancamento das economias imperialistas, mas a margem de manobra com as exportações é bastante limitada. A pura verdade é que não existem alternativas “viáveis” dentro do marco dos regimes capitalistas à hegemonia do capital financeiro. A inútil tentativa de dar “sustentabilidade” a um capitalismo com maior presença estatal, fracassou completamente com a injeção de recursos públicos para grandes empresas abaladas com o crash de 2008. Quanto mais o Estado burguês “financia” a iniciativa privada, mais são drenados recursos para a especulação financeira, inibindo assim possíveis surtos de crescimento de longo prazo. Por mais que os demagogos de “esquerda” se sintam “enojados”, a única alternativa política capaz de livrar a humanidade da barbárie do capital financeiro, que se delineia no horizonte, é a instauração da ditadura do proletariado, pela via da revolução socialista de massas. O restante das várias “opções” reformistas colocadas à mesa não passa de colírio para os olhos sinistros dos “barões de Wall Street”.

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