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Família revisionista do trotsquismo apoia Orlando Chirino na Venezuela
Por Liga Bolchevique Internacionalista - Monday, Oct. 01, 2012 at 9:27 PM
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Não há absolutamente nada de progressivo na campanha de Chirino que agora flerta com a direita. Por esta razão, os genuínos revolucionários que combatem tanto Chávez como Capriles chamam também a não depositar nenhum voto no candidato do ultrarrevisionista PSL porque apesar de não nutrimos a menor simpatia política pelo governo burguês bolivariano jamais nos uniremos à escória direitista de Capriles em nome do “derrumbe” de Chávez

LIT, PO E PTS APOIAM A CANDIDATURA PRESIDENCIAL DA UIT NA VENEZUELA

A “REVOLUÇÃO ÁRABE” MADE IN CIA UNE OS REVISIONISTAS DO TROTSQUISMO EM TORNO DA CAMPANHA DIREITISTA DE ORLANDO CHIRINO

Aproximam-se as eleições presidenciais na Venezuela, polarizadas entre Hugo Chávez (PSUV) e o candidato apoiado diretamente pelo imperialismo, Henrique Capriles Radonski (MUD), herdeiro político dos golpistas de 2002. Como nunca alimentamos falsas expectativas na farsa da “revolução bolivariana” não estamos “decepcionados” com a conduta do governo Chávez em seus 13 anos de mandato. Como nos ensinou Trotsky, devemos chamar as coisas pelo seu devido nome e falar a verdade às massas por mais amarga que seja. Isto nos exige a vigorosa denúncia de Chávez, incapaz de encabeçar uma alternativa revolucionária ao imperialismo. Nesta disputa eleitoral de 7 de outubro, o proletariado deve ter uma política absolutamente independente do nacionalismo burguês e do candidato da Casa Branca, estabelecendo unidades táticas e pontuais com o chavismo em casos concretos como foi a tentativa de golpe em 2002. Tal conduta nada tem a ver com prestar apoio político a seu governo burguês de corte nacionalista e muito menos apoiá-lo eleitoralmente. Os leninistas reafirmam a incapacidade da burguesia nacional em travar uma luta consequente contra o imperialismo e a reação doméstica pró-imperialista. Já tínhamos expressado esta posição principista anteriormente, mas faltava fazer um “ajuste de contas” com a candidatura de Orlando Chirino, dirigente do PSL (Partido Socialismo e Liberdade), agrupamento político que representa as posições da UIT na Venezuela e da CST no Brasil. Esta necessidade se fez ainda mais imperiosa porque um setor das correntes pseudotrotskistas, como a LIT, PO e o PTS argentinos anunciaram seu apoio eleitoral a Chirino.

O histórico de Orlando Chirino está marcado por uma metamorfose política. De entusiasta defensor do chavismo passou a se aproximar da direita golpista. Esse processo se deu depois que foi demitido pelo governo Chávez, no final de 2007, do cargo de confiança que ocupava na PDVSA desde 2003. Chirino foi contratado pela PDVSA por ordem presidencial direta de Chávez, para cumprir tarefas políticas e sindicais de confiança do governo, dentro e fora da empresa. Foi escolhido na época para, na condição de dirigente da UNT, nova central sindical impulsionada por Chávez, combater a velha CTV e ganhar os sindicatos petroleiros para a orientação política do chavismo. Como o próprio dirigente da UNT reconhece, “meu ingresso na empresa teve uma característica muito especial, que é um fato político concreto, que mediante um mandato presidencial, o presidente decide que na direção da empresa tenha participação direta a classe trabalhadora (feito de transcendência histórica) para a qual nomeia o cidadão Rafael Rosales, presidente da FEDEPETROL e Nelson Núnez, presidente do SINU-TRAPETROL, quem me dá ingresso na PDVSA, conjuntamente com outros companheiros, para conformar uma equipe de assessores trabalhistas e sindicais, para levar adiante um plano para liquidar definitivamente a velha direção sindical, golpista, corrupta e burocrática e desde o SINUTRAPETROL, construir uma nova direção comprometida com o processo revolucionário” (Orlando Chirino, Carta de resposta a minha demissão na PDVSA, sítio UIT/2007). Nesta época, Orlando Chirino integrava o PRS com Stalin Borges e Gonzalo Gómez (editor do site Aporrea) que também comandavam a C-CURA, corrente majoritária da central sindical Unidade Nacional dos Trabalhadores (UNT). Estes senhores contentaram-se em assumir o papel de ala esquerda da burocracia sindical governista. Prepararam-se para dissolver-se no PSUV, um partido que por trás do rótulo de “socialista” é o principal sustentáculo do governo burguês de Chávez. Segundo Stalin Borges, “os dirigentes de C-CURA nos somamos ao projeto de discutir e construir o PSUV (...). Junto com Orlando Chirino já temos pedido uma reunião com membros da Comissão Promotora para escutá-la e fazê-los conhecer nossas propostas e opiniões” (Prensa UNT, 08/03/2007).

A confiança do governo Chávez no dirigente da UNT era tamanha que “Em 2006 Chirino viajou à OIT em Genebra, representando a nova central operária com viagem paga pela PDVSA para responder à campanha imperialista contra a Venezuela que pretendia impor a repudiada CTV como a ‘verdadeira’ central” (Orlando Chirino, uma trajetória de luta, sítio UIT). Não era para menos! Neste mesmo ano, Chirino, junto com toda a direção da UNT, apoiou a campanha de “10 milhões de votos para Chávez” com o objetivo de garantir a sua reeleição como presidente da república. Para sustentar a caracterização do governo Chávez como aliado da classe trabalhadora, negando-se a criticá-lo em nome de “não fazer o jogo da direita”, Chirino chegou ao ponto de calar-se diante dos ataques a ele próprio, rompendo com um critério básico do sindicalismo classista: “Como se compreenderá, fui vítima faz mais de dois anos de pressões trabalhistas e violações de meus direitos, as quais tenho tolerado, sem que isto tenha expresso nenhuma denúncia... entendendo revolucionariamente, nosso dever estar acima de nossos direitos e consciente como estou que esses tipos de denúncias podem ser aproveitados ou utilizados pelos inimigos de classe, para tergiversar e manipular, é por isso que aspiro, possamos resolver entre nós tais circunstâncias” (Orlando Chirino, Carta de resposta a minha demissão na PDVSA, sítio UIT/2007). Vale lembrar que a carta de Chirino estava endereçada a Rafael Ramírez, Ministro de Energia e Petróleo, presidente da PDVSA, a quem o dirigente da UNT qualifica de “estimado compatriota”. A busca de um acordo com o governo releva que o dirigente da UNT, considerando-se ainda parte do staff sindical chavista, tentou até o último momento fechar um pacto com a direção da PDVSA, acordo negado pelo governo em represália ao não alinhamento político de Chirino com as posições oficiais do chavismo, que acabou demitindo-o.

Com a polarização da luta de classes na Venezuela, o regime chavista foi assumindo traços cada vez mais bonapartistas. Para consolidar essa condição, avançou no controle sobre o movimento operário, sendo a constituição do PSUV e a tentativa de reforma constitucional elementos centrais desse processo. Por não ingressar no PSUV e, posteriormente, não defender o voto “sim” no referendo como fizeram Stalin Borges e Gonzalo Gómez (hoje ligados ao MST argentino e ao MES brasileiro), Chirino começou a sofrer os ataques de outros setores da camarilha sindical chavista e da direção da PDVSA como “resposta” a sua política de apoio crítico ao governo, de pressionar Chávez “para a esquerda”, pontuando críticas ao rumo do mal-chamado “processo revolucionário”. Chirino e a UIT começaram a delimitar-se com o governo, assumindo uma espécie de semichavismo, porém evoluíram para posições que se aproximam da direita gorila. Esse, desgraçadamente, foi o caminho escolhido por Orlando Chirino, dirigente da então USI, na época o nome da seção da UIT na Venezuela. Escandalosamente, Chirino foi candidato a deputado a Assembleia Nacional na lista do Partido Pátria Para Todos (PPT) em 2010, uma legenda burguesa que acolheu ex-chavistas ressentidos rompidos pela direita com o PSUV. O PPT era liderado por Henri Falcón. Este saiu do PSUV por resistir à tímida política de expropriação do chavismo em sua região quando era governador do estado de Lara devido a suas relações burguesas com empresários do setor de alimentos e bebidas. A ligação do PPT com a direita gorila foi tanta que nas eleições regionais de 2010, o partido aceitou o apoio da Mesa de Unidade Democrática (MUD) de Capriles para seu candidato a governador da província venezuelana de Amazonas. No começo de 2012 o PPT se dividiu e agora uma parte voltou às hostes do chavismo e outro se emblocou diretamente com a direita arquirreacionária. Foi no meio desse processo que nasceu o PSL de Chirino.

Ao se aproximar dos “esquálidos”, Chirino tende a colocar um sinal de igual entre o chavismo e gorilismo como se vê na declaração da Frente Autônoma em Defesa do Emprego, o Salário e o Sindicato (Fadess) de cuja direção participa: “É indispensável a saída deste governo do poder, para avançar na luta pelos direitos dos trabalhadores (…) Estamos próximos de uma grande oportunidade de por o governo em uma situação de confrontação com o eleitorado e a decisão popular do povo venezuelano, que saberá escolher seu próprio destino” (Primicia, 24/07/2012). Com a desculpa “democrática”, a Fadess chama a derrubada do chavismo por parte da reação arquirreacionária, da mesma forma como esses mesmos revisionistas (LIT, PTS, PO, MST e UIT) estão fazendo com Cristina Kirchner na Argentina. Assim como na Líbia e Síria, a família revisionista se junta à extrema direita argentina para torcer pelo “derrumbe” de Cristina, o que prova que perderam completamente a noção política do trotsquismo e também qualquer conteúdo de classe, repetindo a mesma “santa” aliança imperialista realizada na Líbia e na Síria contra governos nacionalistas burgueses. Como se pode aferir, a empolgação desta “esquerda” com a velha e tradicional direita só não é maior do que quando vibraram com os covardes bombardeios da OTAN sobre o “ditador Kadaffi”!

Não por acaso, em plena campanha eleitoral, quando o tema é a questão internacional, Chirino e seu PSL atacam Chávez pela ótica do imperialismo, chegando a afirmar que este “se autointitula governo de esquerda, popular e democrático, mas se nega a apoiar as revoluções dos povos árabes contra seus ditadores. Chegando ao cúmulo de defender os ditadores genocidas como Kadaffi, da Líbia, ou Bashar Al Assad da Síria, qualificando-os de ‘governos anti-imperialistas’” (sítio UIT, 07/08). Segundo a UIT, “Chirino, junto ao PSL, levantou valentemente o apoio à revolução dos povos árabes e denuncia os massacres perpetrados pelo ditador sírio Al Assad, enquanto o governo venezuelano o respalda”. Ao contrário desses revisionistas a soldo da Casa Branca, Chávez deve ser criticado justamente por só prestar apoio formal e demagógico à luta contra agressão imperialista da OTAN na Líbia e agora contra os “rebeldes” mercenários na Síria, sem enviar armas, homens e apoio militar a esses países. Por ironia, os revisionistas que defendem o “Socialismo do Século XXI” como a CMI de Alan Woods ou mesmo defenderam em um passado recente (LIT e UIT), são os mesmos que apoiam a tal “revolução árabe”, ou melhor dizendo, a contrarrevolução dos “rebeldes” comandados militarmente pela OTAN e politicamente por Barack Obama. Chávez sabe que a direita golpista está ávida para desferir um golpe letal contra seu governo. Esta manobra pode assumir a feição de uma falsa “mobilização democrática” tramada com a ajuda da CIA. O apoio do imperialismo aos “insurretos” monárquicos na Líbia “vendidos” ao mundo como “amantes da democracia” é o modus operandi que a Casa Branca pretende usar na Venezuela para colocar em marcha a contrarrevolução. Apoiar os supostos “rebeldes”, antes na Líbia e agora na Síria como faz a esquerda revisionista, seria o mesmo que se somar às orquestrações dos golpistas “esquálidos” venezuelanos que também se dizem “inimigos da ditadura”, já que tanto na Líbia como na Venezuela essas forças políticas e sociais representam a contrarrevolução, assumindo o objetivo de liquidar conquistas históricas do proletariado. Seria cômico se não fosse trágico ver essas mesmas correntes serem acossadas e desmoralizadas na Venezuela por manifestações supostamente “democráticas” patrocinadas pela direita golpista, inspiradas nos ventos de “mudança” trazidos do Oriente.

É justamente esse acordo dos defensores da fantasiosa “revolução árabe” pró-OTAN que faz a LIT, o PO e o PTS argentino anunciarem seu apoio a Chirino da UIT. A grande família revisionista está unida e tal “feito” é apresentado com orgulho pelo PSL: “Mais de cem dirigentes sindicais, estudantis e sociais, representando a distintas regiões do país realizaram um encontro em 15 de setembro, em Caracas, para ratificar seu respaldo à candidatura a presidente de Orlando Chirino nas próximas eleições de 7 de outubro pelo Partido Socialismo e Liberdade. Entre os participantes se encontravam representantes das organizações Unidad Socialista de los Trabajadores, Opción Obrera e Liga Socialista de los Trabajadores” (SíItio UIT, 28/09). Não esqueçamos que a LIT (Unidad Socialista de los Trabajadores) e o “grupo” ligado ao PO na Venezuela (Opción Obrera) também já chamaram no passado o voto em Chávez junto com a UIT apresentando-o como comandante do “processo revolucionário”. Como se pode observar, não há absolutamente nada de progressivo na campanha de Chirino que agora flerta com a direita. Por esta razão, os genuínos revolucionários que combatem tanto Chávez como Capriles chamam também a não depositar nenhum voto no candidato do ultrarrevisionista PSL porque apesar de não nutrimos a menor simpatia política pelo governo burguês bolivariano jamais nos uniremos à escória direitista de Capriles em nome do “derrumbe” de Chávez.

LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA
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