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As crises capitalistas são acidentais ou necessárias?
Por Enio Cavalcante - Tuesday, Jun. 03, 2014 at 4:24 AM

É consenso entre os Economistas que as crises capitalistas são inevitáveis. Mas um grande economista sustentou há poucos dias que o crescimento só pode ser sustentado com aumento da produtividade do trabalho superior à do salário real. Ou seja, para tal economista, as crises são acidentais, não necessárias.

Na década de 40 do Século XIX, Marx escreveu que a justa proporção entre a oferta e a procura, que voltava a ser objeto de tantos desejos, deixou há muito de existir. Passou a velharia. Só foi possível enquanto os meios de produção foram limitados, enquanto a troca ocorreu dentro de limites muito estreitos. Com o nascimento da grande indústria, esta justa proporção teve de acabar, e a produção vê-se inevitavelmente compelida a passar, numa sucessão contínua, pelas vicissitudes da prosperidade, estagnação, crise, depressão, nova prosperidade, e assim por diante.

Schumpeter, que nasceu no ano em que Marx morreu, identificou 4 fases de um ciclo econômico: boom, recessão,depressão e recuperação, Boom é quando a economia parte de uma média e cresce até atingir um limite; recessão é quando, atingido o pico, a economia volta a decrescer ate a média; depressão é quando a economia, partindo da média, encolhe até atingir o vale e recuperação é quando, atingido o vale, a economia volta à média, onde o ciclo recomeça.

É consenso entre os Economistas que as crises capitalistas são inevitáveis. Mas um grande economista sustentou há poucos dias que o crescimento só pode ser sustentado com aumento da produtividade do trabalho superior à do salário real. Ou seja, para tal economista, as crises são acidentais, não necessárias.

Suponhamos que um operário trabalhe 10 horas por dia e que, durante essa jornada, ele produza o equivalente a R$ 100,00. O patrão lhe paga R$ 40,00 pela diária e embolsa R$ 60,00. Se a produtividade do trabalhador aumentar em um décimo, ele passará a produzir em 10 horas de trabalho um volume de bens que antes só conseguiria produzir se trabalhasse 11 horas. Nesse caso, ele produzirá o equivalente a R$ 110,00. De acordo com o economista antecitado, se desse aumento da produção decorrente do aumento da produtividade do trabalhador este receber R$ 4,00, tendo seus salários elevados para R$ 44,00 e se o patrão receber apenas R$ 6,00, tendo seus lucros elevados para R$ 66,00, o patrão não mais investirá, porque o crescimento do lucro do patrão não foi superior ao aumento da produtividade do trabalhador. O crescimento só seria sustentável se, com o aumento da produtividade do operário, o patrão passe a auferir lucros acima de R$ 66,00 e se o salário do operário fosse abaixo de R$ 44,00. Assim, se a distribuição funcional da renda não pender sempre para o lado dos lucros, aumentando as desigualdades sociais, a economia entra em crise.

Mas se o aumento da produtividade do trabalho fosse sempre superior ao aumento do salário real, nós teríamos uma economia eternamente crescendo?

Claro que não. O nível de investimento é determinado pela taxa de lucros e pela demanda efetiva. Quanto maior a demanda efetiva, menores os lucros, pois o aumento da demanda efetiva depende da elevação dos salários dos trabalhadores e, consequentemente, da redução dos lucros dos patrões. Assim, o aumento da demanda efetiva em demasia faria a taxa de lucro cair e os patrões parariam de investir em razão do pequeno retorno dos seus investimentos. Se, ao contrário, a taxa de lucro é muito alta, isso significa que a demanda é muito baixa e os investimentos muito elevados, pois os salários também são baixos em razão dos elevados lucros. Teríamos então a crise de superprodução, em decorrência dos altos investimentos, estimulados pelas altas taxas de lucros, a qual seria agravada pelo subconsumo da classe mais numerosa da sociedade, a classe trabalhadora. Vemos, portanto, que não há escapatória para as crises, ainda que o aumento da produtividade do trabalho fosse igual ao aumento do salário real, pois, nesse caso os patrões não investiriam seu capital na produção, mas na especulação.

Vemos, portanto, que para que a pobreza absoluta do trabalhador diminua, a sua pobreza relativa tem que aumentar.

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Discussão Político-Eleitoral
Por Antonio - Sunday, Jun. 22, 2014 at 9:00 AM

Sucessão Presidencial dentro de um Ônibus Superlotado, no Trânsito Congestionado

Pego aquele velho e desconfortável ÔNIBUS, lotado prá variar e, como sempre, não consigo uma cadeira prá me sentar. Vou em pé. Alguém que entrou antes de mim, me chama em voz alta. Todos me olham. Ela vem bem sentada; eu, espremido no corredor. Ela pede que eu me aproxime. Eu me aprochego da Amiga que há muito tempo não via.
Depois do 'Por onde andaste?', 'O que tens feito?, etc., ela vai direto ao assunto. Pior do que o Neumanne, é Pinto ou é Frangueiro? Em quem tu vais votar, pergunta ela. Na Dilma, respondo eu.

Aí ela começa a litania. Isso dentro de um ônibus cheio de pobres e negros. Ela é da classe média aperreada. Tem um carro mas o danado vive mais na oficina do que na casa dela. Por isso eu a encontrei no ônibus.

- Mas como, Rapá, numa situação dessas em que o país se encontra, como é que você vai votar na Dilma?

Mas qual é a situação em que o país se encontra? O que há de diferente em relação ao passado? O que é que tínhamos que não temos mais ou o que é que temos agora que não tínhamos antes?

Saúde e educação não existem mais. Vai num SUS... me diz a amiga. Eu digo a ela que já foi bem pior. Antes crianças morriam aos montes de diarréia, de fome, de doenças facilmente curáveis. O povo me aplaude.

Ela ataca de corrupção. Eu digo que a corrupção não está maior do que no passado, ao contrário. A única diferença entre os governos petistas e os anteriores é que aqueles varriam a corrupção prá debaixo do tapete, enquanto agora o PT fomenta a investigação e o combate e a mídia, com sua indignação seletiva, veicula, inclusive casos de corrupção inexistentes. Mais aplausos para o gato lindro. Eu me achando político. Se tivesse santinho distribuiria.

Agora ela diz que, por conta das bolsas do Lula e da Dilma, o povo não quer mais trabalhar. Os pobres a olham atravessadamente. Ela acha que pobres não devem receber assistência do Estado. Eu pergunto se ela não se opõe a que os Bancos (Proer), o Agronegócio e ad indústrias automobilísticas recebam auxílios do governos e isenções de impostos. Ela diz que nem sabe se isso existe. Sabe que existe dinheiro distribuído a rodo para pobres e que isso tá levando o país à miséria, pois os pobres não querem mais trabalhar.

Quando os pobres trabalham eles viviam melhor do que agora, que supostamente não trabalham? Ela diz que não, que eles não viviam melhor.

Ela diz que não encontra mais ninguém para trabalhar na casa dela nem limpar o quintal. Ela diz que paga bem mas ninguém aparece para trabalhar. Eu pergunto quanto ela paga para limpar o quintal. Se for R$ 50,00, eu mesmo limpo. Ela diz que paga R$ 12,00. Ah, tá, Americana. O quinta dela é grandão e sujão. Passaria o dia todo para limpá-lo. Eu pergunto a ela se ela quer um escravo ou um trabalhador.

Prá cortar aquele papo reaça, eu pergunto a ela qual a média de crescimento do Brasil nos governos petistas e qual a mesma média nos governos tucanos. Ela não sabe o que é média, não sabe fazer média. Eu digo que, em média, o Brasil cresceu mais nas gestões petistas do que nas gestões tucanas. Então, eu pergunto como é que o povo não quer mais trabalhar, se o Brasil tá crescendo mais do que quando o povo trabalhava?

Mais palmas. A Senhora tá acuada entre pobres. Eu lhe alivio a barra. Digo-lhe: Tá bom, vou votar no Eduardo Campos. Mas ela não quer que eu vote no Eduardo Campos pois ele é um político de gabinete e não conhece os problemas do Brasil. Aí eu digo: Então eu voto no Aécio. Ele conhece os problemas do Brasil?

Todos se viram para ela, esperando sua resposta. Ela diz que ele é pior do que o Eduardo Campos, não conhece os reais problemas do Brasil, é de gabinete. Vive de Brasilia para o Rio do Rio para Brasilia. Então eu vou votar mesmo é na Dilma. Palmas. Prá mim ou prá Dilma?

Fico na dúvida. Mas não tenho dúvidas de que aquela Amiga da classe média aperreada acha que o seu aperreio se deve não aos baixos salários pagos pelos capitalistas brasileiros mas à corrupção. Ela é mais uma tolinha que acha que os principais problemas do Brasil são políticos, e não econômicos. It's Economy, Stupid!

A amiga desceu na frente de um Shopping. Eu segui no ônibus, indo prá periferia. Lembrando de Song to the Men of England, do Percy Shelley:

"Shrink to your cellars, holes, and cells;
In halls ye deck another dwells.
Why shake the chains ye wrought? Ye see
The steel ye tempered glance on ye.

With plough and spade and hoe and loom,
Trace your grave, and build your tomb,
And weave your winding-sheet, till fair
England be your sepulchre!"

Eu sou black bloc. Não voto... nem mesmo na Dilma. Luto.

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