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Copa do Mundo: A viagem de volta
Por Ruy Castro - Folha de S. Paulo - Wednesday, Jul. 16, 2014 at 10:18 AM

quarta-feira, 16 de julho de 2014

RIO DE JANEIRO - A Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, foi a primeira em que, com a popularização do jato e das passagens a crédito, as pessoas começaram a viajar para acompanhar suas seleções. Cinco mil brasileiros em Liverpool viram o Brasil de Pelé perder para Portugal e ser eliminado logo na primeira fase, dando então adeus ao tri. Na saída do estádio, um deles, quase chorando, cruzou com o jornalista Sandro Moreyra: "E agora, seu Sandro???". E este, bem ao seu estilo: "Agora você tem 24 meses para pagar".

Na Antiguidade, quando partiam para a guerra no estrangeiro, os soldados se despediam como se não fossem voltar. E talvez não voltassem mesmo. Se não tombassem em batalha, morriam na estrada, emboscados, ou de doença, peste, fome e frio. Foi assim com os soldados de Napoleão na campanha da Rússia, em 1812, e com o exército alemão na sua tentativa de igualmente tomar a URSS, em 1941.

Não importa quem sejam, homens marchando vencidos, estropiados, feridos, a cabeça em bandagens, de muletas e se escorando uns nos outros, são sempre tocantes. Pouco antes, eles eram a bravura em movimento.

Mal comparando, foi o que pensei ao ver os torcedores argentinos se arrastando pelo Rio desde domingo, esmagados pela derrota contra a Alemanha --imundos, muitos sem dinheiro para comer ou para a passagem de volta, pedindo esmolas de R$ 1. A comparação é apenas literária, claro, embora, no caso deles, quase se aplique --parecem gostar mais de futebol do que da própria mãe.

A viagem de volta às vezes equivale a mil derrotas. E o Brasil também não está livre do trauma pós-Copa. Ao reingressar na atmosfera e reencontrar os problemas não solucionados e outros que estão por surgir, veremos como é difícil voltar para de onde nunca saímos.

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