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OS MÉTODOS TORPES COM QUE KADAFFI DEFENDE A LÍBIA DA AGRESSÃO IMPERIALISTA
Por Liga Bolchevique Internacionalista - Thursday, Feb. 24, 2011 at 9:34 PM
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Uma posição justa neste exato momento passa por estabelecer uma frente única militar com o atual regime, contra as forças da reação e da monarquia, com absoluta independência política da estratégia kadafista, que prepara um acordo de "compromisso" com o imperialismo europeu

INVASÃO "DEMOCRÁTICA" E "HUMANITÁRIA"

OS MÉTODOS TORPES COM QUE KADAFFI DEFENDE A LÍBIA DA AGRESSÃO IMPERIALISTA

O regime político do coronel Muammar Kadaffi resolveu desatar uma contra-ofensiva as manifestações reacionárias que cortam a Líbia. Exigindo "democracia" made in USA, o que inclui também o retorno da monarquia apeada do poder pela "revolução democrática" ocorrida em 1969, este movimento tem sido chamado de "revolução Líbia" por toda sorte de pusilânimes, aferrados à opinião pública pequeno-burguesa. Em pronunciamento pela rede estatal de TV no último dia 23/02, Kadaffi afirmou que combateria "até a última gota de sangue" para defender a Líbia da ocupação estrangeira, que segundo ele estaria sendo patrocinada pela: "CIA, Mossad e a rede terrorista Al Qaeda de Osama Bin Laden". Procurando atrair simpatia dos governos imperialistas europeus, Kadaffi alertou para as intenções da "Al Qaeda" utilizar o território líbio desmembrado pela guerra civil para montar "uma base de ataque terrorista aos países amigos europeus". Em outra direção o regime "dos coronéis" convocou os comitês revolucionários a se mobilizarem contra os oficiais desertores, que controlando armamento pesado já atuam sob as ordens diretas da OTAN. A tentativa desesperada de Kadaffi em galvanizar o apoio do imperialismo europeu ao seu governo, acenando com a presença do fantasma da "Al Qaeda" nas areias do deserto líbio é a melhor expressão da própria impotência do regime nacionalista burguês em defender sua própria existência, e por conseqüência as conquistas históricas que ainda permanecem para as massas líbias, como a socialização das terras e do solo urbano e o que resta da nacionalização do petróleo. Acontece que o chamado que Kadaffi fez aos comitês revolucionários para reagirem à ofensiva imperialista carece de uma perspectiva política e militar, ou seja, o regime continua a se apoiar em seu próprio aparelho de segurança e não no armamento do setor de massas que está disposta a enfrentar os rebelados atraídos pelo canto de sereia da "democracia ocidental".

Karl Marx polemizando com anarquistas amantes da "liberdade em geral" escreveu que: "A democracia é o melhor regime político para expressar a dominação do grande capital". Hoje assistimos uma vasta horda de revisionistas que histericamente gritam a favor da suposta "revolução democrática na Líbia", "revolução" esta diga-se de passagem conduzida por monarquistas e "amigos dos EUA" que tem como mote "reconstruir a liberdade na Líbia". Liberdade para estes senhores é o direito das corporações capitalistas operarem sem a mediação de um estado com coloração "nacionalista". É bem verdade que o regime dos coronéis Pan Arabistas, que pregava a dissolução das fronteiras nacionais e a expulsão do imperialismo do Oriente Médio é atualmente apenas uma sombra do que foi no passado. Também é verdade que a casta burguesa que se abriga em torno de Kadaffi acumula hoje uma fortuna internacional produto da intermediação da venda do petróleo para a Europa e Ásia. Mas, a maior verdade é que a sobrevivência de regimes que não se alinham integralmente com o grande Império ianque não pode ser tolerada, por mais concessões que estes estabeleçam. Em um mundo pós-Guerra Fria, qualquer conquista social das massas obtidas no período anterior da luta de classes deve ser liquidada, sob o manto da democracia como valor universal. Ao contrário da Venezuela, a Líbia não exporta uma gota sequer de petróleo para os EUA, uma resolução constitucional remanescente da nacionalização das reservas de petróleo. O velho Kadaffi já perdeu há muito a retórica do "socialismo burguês" líbio, como vocaliza hoje seu colega Chávez, e os próprios enfrentamentos que protagonizou com o imperialismo ianque não figuram mais em seu horizonte político. Não é difícil encontrar fotos de Kadaffi apertando as mãos dos facínoras imperialistas, como Blair, Obama, Berlusconi etc. Mas, os marxistas leninistas não nos guiamos por gestos e imagens da midia e sim pela defesa das relações sociais mais avançadas do ponto de vista do proletariado e dos povos oprimidos, tendo sempre como referência o ensinamento feito por Lênin de que "O imperialismo é o pior e principal inimigo da classe operária mundial".

Por isso não poderíamos nos impressionar com imagens de Stalin celebrando um pacto ao lado de Hitler, para balizar nosso apoio incondicional à antiga URRS frente às investidas do imperialismo "democrático", ou mais recente as cenas de Sadam Husseim massacrando o povo curdo para apoiarmos a invasão ianque ao Iraque. Sabemos muito bem que regimes nacionalistas burgueses não hesitam em atacar sua própria classe operária quando a questão em jogo é a eliminação socialista de seus privilégios de classe, foi assim com a China do regime nacionalista do Kuomitang de Chang Kai Shek, derrubado pela revolução social dirigida por Mao Tsé Tung. Mas o que acontece agora na Líbia não é a insurreição das massas contra um regime nacionalista decadente, e sim a ofensiva imperialista contra as parcas conquistas das massas de um regime nacionalista agonizante. Assim como aconteceu com Sadan Husseim no Iraque e seu partido Baath que capitularam vergonhosamente à primeira investida ianque sobre seu território, logo após a justa ocupação de suas tropas no protetorado artificial do Kwait em 1990, conhecida como a Guerra do Golfo, Kadaffi e seu regime caminham para uma capitulação ao imperialismo, apesar da verborragia da resistência e de torpes medidas no sentido de aplastar a "reação democrática".

A classe operária e as massas camponesas sabem muito bem que não podem confiar em Kadaffi e sua camarilha burguesa que agora falam em reativar formalmente os conselhos populares e os comitês revolucionários para defenderem o regime. Mas o proletariado com mais consciência de classe também não embarcará na aventura dos contra-revolucionários que em nome das liberdades democráticas querem fazer retornar a Líbia como um país vassalo do imperialismo ianque. Uma posição justa neste exato momento passa por estabelecer uma frente única militar com o atual regime, contra as forças da reação e da monarquia, com absoluta independência política da estratégia kadafista, que prepara um acordo de "compromisso" com o imperialismo europeu. O campo de atuação concreta dos marxistas nesse momento crucial passa pela reativação dos conselhos populares que já afirmaram que lutarão para manter as conquistas da revolução democrática e nacionalista de 1969, solapadas ao longo do tempo pelo próprio Kadaffi e hoje integralmente ameaçadas de extinção caso triunfe o levante pró-imperialista. Nesta trincheira de combate, oposta pelo vértice a da reação democrática, as massas líbias e o melhor de sua vanguarda deverá lutar por estender as conquistas nacionais até a revolução socialista, fazendo um chamado à unidade internacionalista de toda a classe operária árabe para expulsar com todas as alas do imperialismo e romper com as ilusões da transição democrática burguesa em curso no conjunto da região, empunhando a bandeira da união socialista dos povos árabes.

LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA

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