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É possível derrotar o imperialismo alimentando ilusçoes no regime de Kadaffi?
Por Liga Bolchevique Internacionalista - Monday, Mar. 28, 2011 at 7:06 PM
lbiqi@hotmail.com

Os trotskistas da LBI, sem alimentar falsas ilusões no regime de Kadaffi, lutam em unidade de ação com as forças do regime, com total independência política, para derrotar as tropas das grandes potências capitalistas porque sabemos que Kadaffi eliminado pelos imperialistas representa o triunfo da contra-revolução

UNIDADE DE AÇÃO PELA VITÓRIA DA LÍBIA ATACADA PELAS POTÊNCIAS IMPERIALISTAS (PARTE III)

É POSSÍVEL DERROTAR AS FORÇAS DO IMPERIALISMO ALIMENTANDO FALSAS ILUSÕES NO REGIME DE KADAFFI?

Algumas correntes que se esmeram no apoio aos “rebeldes” pró-OTAN, “nomeando-os” até mesmo como “revolucionários” e “anti-imperialistas”, diante da invasão imperialista a Líbia, de nossa defesa incondicional do país semicolonial e da necessária unidade militar com quem está sendo atacado pela OTAN, vêm à boca miúda cacarejando que a LBI “capitula a Kadaffi”, tentando nos emblocar na posição assumida por castristas e chavistas que apoiam o dirigente nacionalista líbio, representados fundamentalmente no Brasil pelo PCdoB, PCB e MR-8 (Pátria Livre). Somos alvo do justo ódio destes revisionistas que difundem a tal “revolução árabe” na Líbia porque fomos a primeira organização política a caracterizar que os supostos “protestos” em Benghazi se tratavam, na verdade, de ações orquestradas pela CIA e remanescentes pró-monárquicos aliados a oligarquias tribais, para derrubar o regime enquanto estes se postavam ao lado dos “insurretos” reacionários. De nossa parte estamos plenamente seguros do que vimos defendendo desde o primeiro momento no conflito, quando nos opomos a esses ventríloquos da grande mídia burguesa que saudaram as “manifestações” na Líbia como uma “revolução” e levantam histericamente o “Abaixo Kadaffi” fazendo coro com a Casa Branca e seus aliados imperialistas europeus. Os que nos acusam de “capitular a Kadaffi” tentam melhor camuflar sua política vergonhosa por trás destes ataques infames, mas sequer conseguem reproduzir uma única citação em nossas várias publicações para “comprovar” sua delirante “tese”. Não alcançam tal intento simplesmente porque esta não é a política defendida pelos genuínos trotskistas da LBI.

No curso da guerra, ainda que sempre tenhamos nos delimitado com o regime de Kadaffi, lançamos um artigo dedicado exclusivamente a denunciar os limites do regime burguês. Apenas uma semana após o início do conflito, publicamos o texto “Os métodos torpes com que Kadaffi defende a Líbia da agressão imperialista” (sítio LBI, 24/02) em que alertamos “A tentativa desesperada de Kadaffi em galvanizar o apoio do imperialismo europeu ao seu governo, acenando com a presença do fantasma da ‘Al Qaeda’ nas areias do deserto líbio é a melhor expressão da própria impotência do regime nacionalista burguês em defender sua própria existência, e por conseqüência as conquistas históricas que ainda permanecem para as massas líbias, como a socialização das terras e do solo urbano e o que resta da nacionalização do petróleo” (Idem).

Posteriormente, quando o imperialismo já orquestrava claramente a intervenção militar no país e Chávez propôs uma “comissão internacional” dirigida por Jimmy Carter e Lula para negociar um acordo com Kadaffi, medida apoiada pelo governo líbio, mais uma vez denunciamos não só a posição do chavismo, mas do próprio Kadaffi no artigo “Socialismo do Século XXI apóia o governo de Kadaffi: Chávez põe as barbas de molho diante da ofensiva imperialista mundial” (sítio LBI, 10/03) quando declaramos “Os leninistas reafirmam a incapacidade da burguesia nacional em travar uma luta consequente contra o imperialismo e a reação doméstica pró-imperialista na Líbia e na própria Venezuela. Por esta razão, não criamos a menor ilusão em Kadaffi e seu covarde sfaff político-militar, como não fizemos com Chávez quando do golpe militar de 2002”.

O que não podemos admitir como marxistas leninistas, e não nos prestamos a tal serviço sujo, como faz todo o arco revisionista desde o PSTU-LIT até as catitas que se queixam “defensistas”, é repetir como papagaios o que nos vende como verdade a Rede Globo e a CNN, com o apoio de ONGs a soldo da Casa Branca, ou seja, que Kadaffi estaria no início do conflito bombardeando a “população indefesa” e cometendo “crimes sanguinários”, matando milhares de civis desarmados. Alertamos que essa clara manipulação midiática, que se provou ser uma farsa completa, tratava-se de uma armação para justificar a intervenção imperialista, desatada poucos dias depois pela OTAN em nome da suposta “ajuda humanitária ao povo líbio”. Nestes dias, os mesmo canalhas de “esquerda” que bradavam que Kadaffi estava matando centenas de civis na Líbia, vociferavam que a intervenção era uma “invenção” da LBI e dos que a denunciavam para “justificar o apoio ao dirigente líbio”.

Apesar de sempre nos delimitarmos com Kadaffi, desde o primeiro dia da crise líbia, não podemos colocar um sinal de igual entre ele e Mubarak ou Ben Ali, como faz todo o espectro do revisionismo aliado dos mercenários e dos monarquistas, buscando justificar assim sua farsesca política de que está em curso uma “revolução contra as ditaduras sanguinárias” no Magreb e Oriente Médio. Não por acaso, a Líbia está sendo o único país a ser atacado militarmente pela OTAN, enquanto no Egito e na Tunísia o imperialismo orquestrou uma transição ordenada para preservar o regime servil a seus interesses e enviou tropas ao Bahrein e ao Iêmen, via Arábia Saudita, para apoiar as monarquias e não para derrubá-las! Perguntamos, porque o imperialismo deseja eliminar militarmente o regime líbio enquanto preserva o de seus aliados na região, no máximo mudando apenas seus gerentes mais desgastados?

Da mesma forma, não colocamos um sinal de igual entre Chávez e Uribe na América Latina, ainda que os caracterizemos ambos como chefes de governos capitalistas em seus países. Soubemos como leninistas e não estúpidos “derrotistas” lutar ao lado de Chávez sem prestar-lhe apoio político quando o imperialismo desferiu o golpe militar na Venezuela, tendo o suporte de Uribe, inclusive com o Departamento de Estado ianque utilizando suas bases na Colômbia para a logística da ação golpista. Não capitulamos a Kadaffi hoje e muito menos ao falso socialismo do século XXI de Chávez em 2002; ao contrário, fomos os primeiros a denunciar a farsa da tal “revolução bolivariana”, seu caráter burguês, suas limitações e posteriormente os acordos vergonhosos que o chavismo fez com o alto-comando das FFAA para retomar ao Palácio Miraflores. Já a LIT e a UIT que no começo do governo puxavam o saco de Chávez, chamando inclusive a votar no “coronel bolivariano” e dizendo que as “massas derrotaram o golpe” sem denunciar as negociações entre Chávez e a Casa Branca para domesticá-lo em seu retorno à presidência, agora vão para outro extremo, emblocando-se com os chamados “escúalidos” no referendo de 2007, ou mesmo aliando-se às forças burguesas tradicionais como a seção da UIT na Venezuela, que recentemente integrou-se ao partido Pátria Para Todos (PPT), uma legenda burguesa composta por ex-chavistas rompidos pela direita com o PSUV.

Como genuínos leninistas não nos movemos segundo os humores da mal chamada “opinião pública” manipulada pela burguesia. É verdade que o regime atual dirigido por Kadaffi é apenas uma sombra do que foi no passado. A casta burguesa que se abriga em torno de Kadaffi acumula hoje uma fortuna internacional produto da intermediação da venda do petróleo para a Europa e Ásia. A maior verdade porém é a de que a sobrevivência de regimes que não se alinham integralmente com o imperialismo ianque não pode ser tolerada, por mais concessões que estes estabeleçam. No mundo pós-soviético qualquer conquista social das massas obtidas no período anterior da luta de classes deve ser liquidada, sob o manto da democracia como valor universal.

A Casa Branca não admite que a Líbia não exporte uma gota sequer de petróleo para os EUA, uma resolução constitucional remanescente da nacionalização das reservas de petróleo, ainda que o regime nacionalista tenha aberto concessões a empresas estrangeiras europeias. O proletariado líbio e as massas camponesas tribais incontestavelmente obtiveram uma significativa elevação em seu padrão de vida, apesar da economia da Líbia continuar capitalista depois da queda da monarquia em 1969. Hoje Kadaffi já perdeu há muito a retórica do “socialismo burguês” e os próprios enfrentamentos que protagonizou com o imperialismo ianque no passado não figuram mais em seu horizonte político. Não é difícil encontrar fotos de Kadaffi apertando as mãos dos facínoras imperialistas, como Blair, Obama, Berlusconi etc. Porém, para além dos gestos e intenções de Kadaffi estão os interesses sociais da classe operária, que definitivamente não pretende entregar suas reservas nacionais de petróleo nas mãos da “monarquia democrática” pró-ocidental que já se pronunciou pela quebra do monopólio estatal vigente na Líbia e pela abertura total às transnacionais norte-americanas. Os marxistas leninistas não se guiam por gestos e imagens da mídia e sim pela defesa das relações sociais mais avançadas do ponto de vista do proletariado e dos povos oprimidos.

Como trotskistas sabemos muito bem que regimes nacionalistas burgueses não hesitam em atacar sua própria classe operária quando a questão em jogo é a eliminação socialista de seus privilégios de classe. Mas o que acontece agora na Líbia não é a insurreição das massas contra um regime nacionalista decadente e sim uma ofensiva imperialista contra as conquistas das massas oriundas de um regime nacionalista agonizante. Assim como aconteceu com Saddam Hussein no Iraque, Kadaffi e seu regime caminham para uma capitulação ao imperialismo, apesar da verborragia da resistência e de torpes medidas no sentido de aplastar a “reação democrática”. Por esta razão dizemos que cabe lutar em frente única com as forças do regime para derrotar o imperialismo, forjando nesta trincheira de luta as condições para construir um partido revolucionário e internacionalista capaz de agrupar o melhor da vanguarda para, depois de derrotada a ofensiva imperialista, marchar contra o regime burguês que mantém intocável o modo de produção capitalista.

Seguindo o legado de Trotsky e particularmente seus ensinamentos quando esteve exilado no México no final dos anos 30 sob o governo de Cuauhtémoc Cárdenas, a LBI honra neste momento o “velho” que soube de forma principista “andar sob o fio da navalha” ao denunciar a ofensiva reacionária da direita e do imperialismo, chamando a derrotá-la enquanto se delimitava programaticamente com o nacionalismo burguês mexicano. Trotsky presenciou diretamente nos últimos anos de sua vida várias manifestações “populares” reacionárias contra as nacionalizações feitas pelo governo burguês do general Cárdenas. Na época, a oposição pró-imperialista afirmava que Cárdenas era um “ditador”, a mesma cantilena que usam contra Kadaffi ou mesmo Chávez hoje. Ainda assim o dirigente bolchevique se recusou a embarcar pela vereda fácil do falso radicalismo “ortodoxo”, sendo torpemente acusado de ter se “vendido” a Cárdenas, inclusive por dirigentes da própria Quarta Internacional, da mesma forma que fazem os filisteus acusando a LBI de “capitular a Kadaffi”.

Esses mesmo ratos acusam a LBI de stalinofilia por ter defendido a URSS da restauração capitalista enquanto se aliavam a Yeltsin e seu bando mafioso para por fim ao Estado operário em agosto de 1991 em nome das “liberdades democráticas”. Quando Trotsky no interior da IV Internacional reivindicou a defesa incondicional da URSS contra Hitler e o próprio imperialismo “democrático” no final dos anos 30 e início dos 40 em meio à célebre polêmica com Shachtman e Burnham, dirigentes do SWP norte-americano, os dois também acusaram o velho de “capitular ao stalinismo” por sua defesa da necessidade de fazer frente militar com Stalin. Pouco tempo depois, rompidos com a IV, eram estes renegados que estavam aliados com o “imperialismo democrático” contra o “totalitário” Estado operário soviético! Para os que nos acusam de “capitular a Kafaffi”, gente da mesma cepa dos que caluniavam Trotsky de capitular a Stalin ou Cárdenas, servindo desta forma descaradamente ao revisionismo mais febril, respondemos com as sábias lições nos deixada pelo velho bolchevique, plenamente válidas até nossos dias: “Stalin derrubado pelos trabalhadores: é um grande passo para o socialismo. Stalin eliminado pelos imperialistas: é a contrarrevolução que triunfa” (Em Defesa do marxismo).

Fazendo um paralelo histórico, é a essa encruzilhada dramática que está submetida a Líbia hoje. Nesse combate, os trotskistas da LBI, sem alimentar falsas ilusões no regime de Kadaffi, lutam em unidade de ação com as forças do regime, com total independência política, para derrotar as tropas das grandes potências capitalistas porque sabemos que Kadaffi eliminado pelos imperialistas representa o triunfo da contra-revolução, cinicamente travestida de “democrática” enquanto deixa no rastro dos genocidas bombardeios da OTAN os cadáveres do povo líbio.

LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA

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