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A morte do “Heroi dos povos muçulmanos” e a histeria nazi-imperialista nos EUA
Por Liga Bolchevique Internacionalista - Wednesday, May. 04, 2011 at 3:41 PM
lbiqi@hotmail.com

Para os pusilânimes revisionistas que reivindicam as armas da OTAN para sustentar os “rebeldes” da reação democrática na Líbia restará se somar as comemorações ianques pela morte do “terrorista” Osama, assim como fizeram com a queda do Muro de Berlim. Mas algo nos diz que desta vez a história poderá ser diferente e os festejos contrarrevolucionários pela morte do “herói dos povos muçulmanos” poderão acabar bem mais cedo do que se espera

A MORTE DO “HEROI DOS POVOS MUÇULMANOS” E A HISTERIA NAZI-IMPERIALISTA QUE TOMOU CONTA DOS EUA

Triunfante, o presidente Barack Obama ocupou uma rede de emissoras para anunciar na noite do último dia primeiro de maio o assassinato do homem mais “caçado” do planeta, o “terrorista” Osama Bin Laden. Imediatamente após o pronunciamento de Obama uma multidão de cidadãos norte-americanos ocupava as ruas das principais cidades dos EUA para “festejar” a morte de quem era considerado, na atual etapa histórica, o inimigo número um dos ianques.

A principal manifestação “popular” aconteceu nos portões da própria Casa Branca, em Washington, onde uma massa reacionária ensandecida não parava de gritar “morte aos muçulmanos” e “nós podemos tudo”, parafraseando um mote eleitoral da própria campanha de Obama. Também em Nova York, no agora chamado “Marco Zero”, onde foram demolidas as Torres Gêmeas, a multidão não parava de bradar “Vingança! Vingança!”. Não tinham nem passado 48 horas do bombardeio da OTAN em Trípoli que matou netos e o filho mais novo de Kadaffi, o imperialismo concluía outro operativo terrorista, desta vez no Paquistão, com a suposta e nebulosa morte do líder da Al Qaeda, que ainda não foi reconhecida pelas forças militares do Taleban. Terminava assim uma caçada pessoal iniciada pelo carniceiro Bush, levando a ocup

ação dos EUA a dois países orientais, Iraque e Afeganistão , sob o pretexto de iniciar a “guerra ao terror”, já que a outra guerra “fria” tinha acabado. Agora o “democrata” Obama, que pretende invadir a Líbia e matar Kadaffi, “rouba a cena” dos falcões nazi-ianques e chama para si a responsabilidade da ofensiva imperial contra os “povos inimigos”, tudo isso legitimado tendo como sua base de apoio a intervenção dos EUA na malfadada “revolução árabe”, tão decantada pela direita fascista e a corrompida esquerda revisionista.

A quase totalidade da esquerda mundial, assim como a própria intelectualidade “progressista” vem apresentando Osama como a expressão política mais concentrada do que nós os marxistas classificamos como “terrorismo individual”, nada mais equivocado. Osama e sua organização conspirativa “Al Qaeda” representam um fenômeno muito mais profundo e abrangente do que simplesmente um “grupo terrorista”, como foram o “Baader-Meinhof” ou as “Brigadas Vermelhas”, por exemplo. Não se trata de uma mera “confusão” teórica por parte da esquerda e sim de uma adaptação completa a pressão da mídia imperialista e sua opinião pública pequeno-burguesa. Com esta mesma “linha política” a esquerda seguiu a reação imperial ao qualificar os ataques de 11 de Setembro como obra de uma “organização terrorista” ou até pior, um complô urdido pelos próprios organismos de inteligência, tendo a CIA pela frente.

Na verdade, Osama e seu “staff”, desde os tempos em que combateu o Exército Vermelho nas montanhas do Afeganistão, são a expressão militar, ou melhor dizendo, um braço militar organizado de um centenário e vasto movimento nacional, de características históricas incrustado nos estados do Afeganistão e seu vizinho Paquistão. As “façanhas” terroristas da Al Qaeda, por fora deste movimento nacional hoje concentrado no Taleban, não passa de publicidade falsa espalhada pelas CNN e FOX “da vida”, com o objetivo de recrudescer a perseguição policial a correntes anti-imperialistas espalhadas por todo o mundo.

Osama como um quadro político ungido desde o berço da monarquia saudita, unido a outro quadro dirigente histórico, o médico egípcio Ayman Al Zawahri, fundaram a Al Qaeda colocando quase que exclusivamente seus “serviços” como a extensão militar do Taleban, uma espécie de “V Frota” islâmica, de um movimento nacional que até uma década atrás detinha o controle do Estado afegão. Portanto, a Al Qaeda, deslocada deste contexto nacional, não passa de uma ficção, apresentada utilmente pelo imperialismo como a “célula mater” do terrorismo internacional.

Quando as tropas soviéticas entraram no Afeganistão no final da década de 70, para salvar um governo de frente popular (aliado de Moscou) da sanha anticomunista dos “guerreiros mujahedin”, uma força reacionária feudal com forte penetração nas massas camponesas do Afeganistão, lá estava o jovem Osama ajudando o treinamento militar dos mujahedin que na época contavam com o apoio logístico e financeiro dos EUA. Posteriormente, o Exército Vermelho sofrendo pesadas baixas é obrigado a deixar o Afeganistão e o movimento feudal nacionalista finalmente toma o poder.

Aí começava a história de um novo Bin Laden, robustecido com a vitória sobre a URSS, passando à condição de conselheiro militar dos talebans e desenvolvendo um fanatismo nacional contra todas as “potências mundiais” consideradas inimigas do Islã. Rompe com os EUA na década de 90, após uma tentativa do então presidente Bill Clinton em convencê-lo a combater na China, junto a “rebeldes” de províncias muçulmanas. A partir da recusa do Taleban em aliar-se com o imperialismo ianque contra o Estado operário chinês o Afeganistão passa a ser considerado um alvo adversário muito perigoso e como ocorreu hoje na Líbia os ianques tentam forjar a volta do antigo monarca afegão exilado na Itália.

As tentativas de insuflar um movimento civil no interior do Afeganistão fracassa e os EUA resolvem bombardear o Afeganistão em meados dos anos 90, ameaçando com uma invasão por terra. Surge então a decisão de uma resposta militar não-convencional do Estado afegão contra o Estado ianque, só que em proporções gigantescamente desfavoráveis. O governo Taleban nem sequer possuía frota aérea militar para atacar os EUA! Neste marco, a organização minuciosa dos ataques aos EUA, que levariam alguns anos para serem executadas, ficou a cargo da Al Qaeda, sendo uma estupidez completa pensar que se tratava simplesmente de uma operação terrorista de um pequeno grupo de fanáticos religiosos.

Para os marxistas revolucionários da LBI, que souberam distinguir cristalinamente terrorismo individual de ações armadas de forças nacionais beligerantes como as Farc, por exemplo, caracterizar o Taleban como um movimento nacional de corte feudal e reacionário (profundamente anticomunista) não nos impediu de estabelecer sua defesa militar diante da ofensiva imperialista em todo o mundo. Sabemos muito bem da incapacidade histórica de qualquer movimento nacionalista burguês ou até mesmo feudal em levar adiante uma luta consequente das massas oprimidas contra o inimigo central de todos os povos, o imperialismo. Neste mesmo sentido, aplicamos esta política em relação ao Hamas na Palestina ocupada ou ao Hezbolah no Líbano.

Denominar movimentos nacionais e políticos que influenciam amplos setores das massas de “terroristas” como repetem como papagaios da Casa Branca os canalhas revisionistas da LIT e sua grande família, só reforça o embotamento da consciência anti-imperialista do proletariado mundial. Isto não significa de forma alguma que renunciamos à denúncia dos métodos do terrorismo individual como completamente ineficazes para a luta revolucionária, como nos ensinou o “velho” Trotsky quando afirmou “que nossas simpatias e emoções estão com Grynszpan, apesar da inutilidade de seus atos”, referindo-se ao ativista judeu que atacou com bombas alvos “civis” nazistas.

Ainda é muito cedo para uma conclusão definitiva acerca dos desdobramentos políticos mundiais que serão gerados com a morte de Bin Laden. Talvez este até já estivesse morto em seu bunker próximo à capital Islamabad. O certo é que a condução política e militar da Al Qaeda já não estava sob seu controle pessoal, em função de sua enfermidade letal e do cerco a que estava submetido. A princípio Obama parece ter liquidado a fatura da próxima eleição presidencial, capitalizando o sentimento nazi-imperialista da classe média norte-americana, apavorada com a crise econômica. Um golpe muito duro dado no “Tea Party” muito mais do que na própria Al Qaeda. Mas, se os fatores políticos domésticos caminham nos ventos de Obama, não podemos dizer o mesmo da guerra concreta e real, não a midiática, muito mais fácil de se manobrar, travada hoje pelo império ianques nos campos do Iraque, Afeganistão e Líbia.

Nestes terrenos o imperialismo, apesar de todo seu poderio bélico, vem amargando profundas derrotas na trincheira militar. Uma conjunção de derrotas, ou seja, uma derrota tripla pode fazer retroceder o capital político de Obama acumulado com a chamada “primavera árabe”, uma operação política para instaurar regimes democratizantes no lugar das velhas e desgastadas ditaduras do mundo árabe. Por esta razão, a “batalha das batalhas” hoje é travada na Líbia, onde uma derrota das forças rebeldes apoiadas pela OTAN significaria um tremendo impulso mundial nas lutas para expulsar o imperialismo e seus agentes “democráticos” nos países semicoloniais.

Um “novo Vietnã” teria o impacto de despertar não somente a ação direta das massas, mas fundamentalmente sua consciência anti-imperialista, hoje embotada e desfigurada nas mobilizações que ocorreram no Egito e Tunísia ou mesmo na Europa. Para os pusilânimes revisionistas que reivindicam as armas da OTAN para sustentar os “rebeldes” da reação democrática na Líbia restará se somar as comemorações ianques pela morte do “terrorista” Osama, assim como fizeram com a queda do Muro de Berlim. Mas algo nos diz que desta vez a história poderá ser diferente e os festejos contrarrevolucionários pela morte do “herói dos povos muçulmanos” poderão acabar bem mais cedo do que se espera.

LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA

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