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Grécia: Crescimento da direita pavimenta governo de unidade com os neonazistas
Por Liga Bolchevique Internacionalista - Monday, May. 07, 2012 at 8:25 PM
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Não nos cansamos de repetir – e os resultados das eleições parlamentares de 06 de maio comprovam esse prognóstico – de que tragicamente, longe de abrir caminho para o socialismo e a revolução, como apregoavam desde o stalinismo até o revisionismo do trotskismo, a dramática situação grega está assentando as bases para a barbárie social sob o tacão da direita tradicional, que vai assumindo as rédeas do regime

NOVO CAPÍTULO NA “TRAGÉDIA GREGA”

CRESCIMENTO DA DIREITA PAVIMENTA GOVERNO DE UNIDADE COM OS NEONAZISTAS

Os resultados das eleições parlamentares na Grécia ocorridas neste domingo, dia 06 de maio, confirmaram plenamente nossos prognósticos políticos, com o crescimento eleitoral da direita tradicional representada pelo partido Nova Democracia (ND) e a debacle do social-democrata PASOK. ND passou de 91 cadeiras conquistadas em 2009 para 108 agora, já o PASOK caiu de 160 para míseros 41 deputados. Como somam apenas 149 parlamentares, os dois partidos tradicionais da burguesia não têm maioria para formar um governo de coalizão. Por conta disso, ND está costurando uma aliança com a extrema-direita neonazista organizada no “Aurora Dourada”, movimento racista que abocanhou 7% dos votos, correspondente a 21 deputados, além de outros grupos direitistas menores oriundos da própria ND que abocanharam 33 deputados. Esse resultado expressa claramente o que já apontávamos desde o crash financeiro de 2008: na ausência de uma direção revolucionária e diante da frustração popular com a social democracia, a Grécia seria em breve governada por uma coalizão composta inclusive por grupos fascistas e xenófobos.

Se até 17 de maio ND não conseguir formar um governo de coalizão, o presidente grego Karolos Papoulias, chamará o segundo partido mais votado a assumir as articulações visando indicar um primeiro ministro. Caso este não tenha sucesso, se convocará novas eleições parlamentares. E quem foi a segunda força eleitoral a sair das urnas em 06 de maio? Justamente a coalizão de grupos oriundos da “esquerda” do PASOK em unidade com “independentes”, chamada SYRIZIA (Coalizão de Esquerda e do Progresso), composta por setores que romperam com o partido social-democrata justamente para não assumir politicamente o ônus das medidas antipopulares adotadas por Papandreu. A SYRIZIA capitalizou parcialmente o descontentamento popular com a gestão do PASOK, obtendo 52 cadeiras ou 16,8% dos votos, passando a ser a segunda força política do país. Como declarou Alexis Tsipras, dirigente da SYRIZIA: “Durante dois anos tomaram decisões sem nos perguntar. Agora é tempo da democracia voltar ao lugar onde nasceu”, em uma clara demonstração de que deseja dar fôlego ao decadente regime político grego postando-se como alternativa ao avanço do fascismo e da radicalização revolucionária da situação política. Um dado importante desse processo de recomposição do regime é que as eleições transcorreram absolutamente tranquilas, nenhum grupo político à exceção dos anarquistas, chamou o boicote ou o voto nulo, havendo, apesar de um pequeno recuo se comparado ao pleito de 2009, uma grande afluência às urnas (65% da população) em função das ilusões eleitoralistas patrocinadas por todos dos partidos, inclusive o KKE.

E por falar no KKE... os stalinistas gregos tiveram um pífio crescimento eleitoral passando de 21 para 26 deputados, um raquítico aumento de apenas 1% dos votos em relação às eleições de 2009. Como lastima Aleka Papariga, dirigente do Partido Comunista Grego, “Como mostram os resultados neste ponto o KKE teve um pequeno aumento. Naturalmente que teríamos gostado de um maior” (Comunicado CC do KKE, 06/05). Aqui, fica claro que a política do KKE de patrocinar ilusões nas eleições não lhe rendeu o resultado esperado como a LBI já alertava meses antes: “Ao lado do avanço da barbárie social, assistimos a crise de direção política dos trabalhadores em luta. O KKE atua para desgastar eleitoralmente o governo, com vistas às eleições de abril. Sua tática distracionista está condensada no slogan ‘A Troika deve ir-se! Desligamento da UE” (Comunicado KKE, 12/02), mas esta impotência política tem aberto caminho para uma senda cada vez mais autoritária do regime, com as tendências fascistas ganhando força entre o povo pobre desesperado. A coligação governamental PASOK-ND tende a se esfacelar, porém em seu lugar a burguesia e o imperialismo planejam um governo puro da Nova Democracia (ND) em aliança com os partidos da extrema-direita! As pesquisas eleitorais apontam apoio popular a essa ‘saída’! Nesse sentido, chamando as ‘eleições agora! Cancelamento unilateral da dívida e desligamento da União Europeia!’ (idem) o KKE não faz mais que dar fôlego à burguesia por meio das ilusões eleitorais!”(Artigo sitio LBI, As duas tragédias gregas, março 2012).

Os resultados apontam que a direita e a extrema direita se fortalecem e devem formar um governo de unidade avalizado pela troika (BCE, UE, FMI). Sempre prevenida, a burguesia também joga suas fichas na SYRIZIA justamente para mostrar que é possível dentro do regime político burguês ter uma “alternativa” que se apresenta como renovada, mas que no fundo só critica os “exageros” da política da PASOK. Não por acaso, o líder do partido de coalizão SYRIZIA, Alexis Tsipras, já está articulando um “governo alternativo” com a chamada Esquerda Democrática (ED), composta por grupos também oriundos do PASOK e da própria SYRIZIA, para formar uma maioria parlamentar. A ED conquistou 6,1% dos votos, tendo direito a 19 cadeiras. Seu dirigente, Fotis Kouvelis, declarou após um encontro para definir a política de alianças da ED que “Nós podemos participar de um governo de coalizão com outras forças progressivas”. Esse convite se estende até mesmo ao... KKE e a pressão eleitoral parece ter aberto uma crise política no interior dos “comunistas gregos”.

A apesar da negativa formal do KKE de compor uma aliança parlamentar com a SYRIZIA e ED para formar um governo e indicar o primeiro-ministro, o comunicado da secretária-geral do partido demonstra que setores do KKE estão claramente atraídos a conformar uma “frente de esquerda” com os grupos que romperam com o PASOK, ao melhor estilo da política de outros “stalinistas de esquerda” pelo mundo, como o próprio PCB no Brasil, já que a SYRIZIA é uma espécie de PSOL grego! Vejamos o que diz Aleka Papariga sobre uma possível coalizão com SYRIZIA e ED: “Ouvimos que o presidente do SYRIZA pedirá uma reunião e que eles querem manter discussões privadas acerca do programa da coligação de governo. Logicamente quem fez uma proposta para uma coligação governamental deveria ter dito em pormenor antes das eleições o que farão em Junho, em Julho, em relação a questões concretas etc. ao invés de slogans gerais e denúncias gerais do memorando. Ou pelo menos elas deveriam ter estado prontas agora. O que querem eles exatamente? ...A fim de concordar com um tal governo o KKE precisa fazer uma meia-volta completa, um salto mortal e não simplesmente um pequeno recuo, uma pequena viragem. Ele deve fazer uma mudança completa. E acima de tudo teria de fazer compromissos inaceitáveis que nada têm a ver com os interesses do povo. Talvez o povo não esteja interessado na pureza ideológica dos vários partidos, mas um partido que em todos estes anos, desde o próprio momento inicial da sua fundação, tem estado na linha de frente da luta não quer abandonar esta posição a fim de ganhar alguns ministérios. O povo não precisa desta espécie de KKE” (Comunicado CC do KKE, 06/05). Ainda que o KKE não integre neste primeiro momento uma aliança com a SYRIZIA e ED para indicar o primeiro-ministro, até porque juntos os três partidos não conquistariam a maioria parlamentar, a política eleitoralista dos stalinistas gregos e a possibilidade de novas eleições parlamentares pressionam os setores mais oportunistas do partido a internamente se postarem a favor de uma “frente de esquerda” para gerir a bancarrota do Estado burguês grego!

Não nos cansamos de repetir – e os resultados das eleições parlamentares de 06 de maio comprovam esse prognóstico – de que tragicamente, longe de abrir caminho para o socialismo e a revolução, como apregoavam desde o stalinismo até o revisionismo do trotskismo, a dramática situação grega está assentando as bases para a barbárie social sob o tacão da direita tradicional, que vai assumindo as rédeas do regime. Insistimos na lição de que não haverá mobilizações, por mais multitudinárias e heróicas que sejam, como as que estamos presenciando na Grécia hoje, capazes de derrotar a burguesia e seus governos lacaios sem a adoção de uma estratégia revolucionária de luta pelo poder operário. Se não tirarmos estas lições para forjarmos no combate em curso a construção de um autêntico partido revolucionário, jamais romperemos com a onda de derrotas que estão sendo impostas aos trabalhadores no campo econômico e político, em mais um capítulo dessa verdadeira tragédia grega!

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